ESTUDOS
DAS
ESCRITURAS
SÉRIE II
O
Tempo
Está Próximo
ESTUDO II
CRONOLOGIA BÍBLICA
A Cronologia é Necessária para a Compreensão da Profecia — Data
Indispensável Fornecida pela Bíblia — Desde a Criação de Adão até 1873
d. C. Passaram-se Seis Mil Anos — A Declaração da Cronologia da Bíblia
em Grandes Períodos — Exame de seus Detalhes — Desde a Criação até o Dia
em que Secaram-se as Águas do Dilúvio — Até o Pacto Abraâmico — Até a
Doação da Lei — Até a Divisão de Canaã entre as Tribos — O Período dos
Juízes — O Período dos Reis — O Período da Desolação — Até 1873 d. C. —
Em que esta Cronologia Difere da Apresentada pelo Bispo Ussher, Notada
em Algumas Bíblias — A Verdadeira Data de Nascimento do Nosso Senhor.
[33] NESTE
estudo apresentamos as evidências da Bíblia as quais indicam que seis mil
anos contando desde a criação de Adão se completaram em 1872 d. C.; e por
esta razão, desde 1872 d. C., temos entrado cronologicamente no sétimo mil
ou Milênio — do qual o princípio, o “dia do Senhor”, o “dia de tribulação e
de angústia”, será testemunha da ruptura em fragmentos dos reinos do mundo,
e do estabelecimento do Reino de Deus debaixo de todo o céu.
A
cronologia é necessária, também, como um princípio fundamental para o exame
dos períodos proféticos. Devemos verificar antes de tudo onde estamos no
decurso do tempo; e para fazer isto, devemos ter datas seguras para o
cálculo; por isso colocaremos primeiro em ordem o assunto da cronologia. E
uma completa cronologia da história humana deve necessariamente começar com
a criação do homem.
A
duração do tempo desde a criação do homem é variavelmente estimada. Entre
aqueles que aceitam o registro da Bíblia, nesse ponto pode haver pouca
diferença de opinião; mas entre aqueles que o rejeitam as diferenças são
enormes, variando todo o decurso desde dez mil até milhões de anos. Estas
suposições são baseadas sobre fatos que produzem apenas fundamentos
inadequados para
[34]
tais
conclusões extravagantes e temerárias. Por exemplo: A descoberta de pontas
das flechas de pederneira nas turfeiras da Suíça e Irlanda, numa
considerável profundidade abaixo da superfície, é tomada como uma
prova
de
que o seu nível foi outrora a superfície, e que os musgos das turfas
gradualmente cresciam em volta e sobre elas; e o tempo necessário para tal
crescimento é calculado desde a presente ordem de crescimento pelo espaço de
cem anos, que realmente é pequeno. Se suas premissas fossem verdadeiras,
naturalmente isto provaria que o homem havia vivido milhões de anos
anteriormente. Mas outros geólogos nos mostram, e com boa razão, que estas
turfeiras eram antigamente tão moles que uma ponta da flecha de pederneira
podia facilmente descer até uma grande profundidade gradualmente, durante
uns poucos séculos.
Citamos
outro exemplo: “Ao determinar profundidade durante sondagens no solo
enlodado do Vale do Nilo, dois tijolos queimados foram descobertos, um numa
profundidade de vinte, o outro numa de vinte e quatro jardas (91,4 cm, é
medida de cada jarda). Se nós estimamos a espessura do depósito anual
formado pelo rio de até oito polegadas por século, temos que atribuir ao
primeiro destes tijolos — a idade de 12.000 anos e o segundo a idade de
14.000 anos.
Por
meio de cálculos análogos,
Burmeister [um célebre geólogo] supõe terem passado setenta e dois mil anos
desde o primeiro aparecimento do homem sobre o solo do Egito; e Draper [outro
geólogo notável] atribui ao homem europeu, que presenciou o último período
glacial, uma antiguidade de mais de 250.000 anos.”*
———————
*
Prof. N. Joly, em “Man Before Metals” (O Homem Antes dos Metais), p.183.
Naturalmente,
“se
estimarmos”
exatamente como estes
grandes
homens o fazem, chegaremos às mesmas
grandes
conclusões. Mas alguns de nós são incientíficos o bastante para inquirir, se
isto não é mais que provável do que as formações de depósitos de lodo do rio
Nilo que têm sido bastante irregulares, assim como de outros rios,
[35]
que
às vezes mudam seus leitos e ainda carregam para longe suas ribanceiras
notavelmente numa só inundação. Novamente, lembramos do Dilúvio dos dias de
Noé, não apenas particularmente mencionado na Bíblia, mas preservado nas
mais antigas tradições das nações pagãs, e admiramo-nos como muito lodo e
entulhos de tal maneira causaram excedentes e altos de oito polegadas por
século. Admiramo-nos, também, por que isto não tem ocorrido a estas
grandes mentes,
como
isto naturalmente ocorre a algumas não
muito
grandes,
que
dois tijolos jogados nesse “solo
enlodado”,
através de certo tempo em que eles estavam cobertos com água e material
realmente mole, desceriam completamente a certa distância por meio do seu
próprio peso, sendo de substância muito mais densa do que o solo lodoso.
Quanto à diferença de profundidade dos dois tijolos, isto teria parecido
mais razoável a uma mente
não
científica
para
supor que um caiu no lodo lateralmente ou de pé, enquanto o outro caiu
horizontalmente descendo lentamente, do que supor que homens que viveram há
dois mil anos à parte fizessem dois tijolos iguais.
Não
faz muitos anos desde que o esqueleto de um homem que foi encontrado num
anterior leito do rio Mississipi, e assim alguns geólogos começaram a
calcular quantos numerosos milhares de anos
poderiam
ser
indicados ao comparar a camada com os muitos pés de sedimento, lodo, etc.,
que cobriam o esqueleto, e assim imaginavam eles terem realmente uma valiosa
amostra do homem pré-histórico. Mas, mais tarde foram achadas, à distância
de alguns pés (medida de extensão correspondente a 12 polegadas, ou 30,48
cm) abaixo do esqueleto, partes de uma barcaça larga e pouco funda, assim
como estava em uso no Mississipi a menos do que cinqüenta anos passados,
isto completamente mudou os cálculos, e aliviou a humanidade de “uma outra
prova”
de
que
o mundo seja milhões de anos mais antigo do que ensina a Bíblia.
Deixando para trás a discordância e a suposição totalmente incerta de alguns
geólogos sobre estes assuntos da cronologia, recorremos à história universal
da humanidade em busca de infor- [36]
mação. E o que encontramos? A história das mais antigas nações gentias pode
ser traçada no passado claramente e distintamente menos do que três mil anos.
Além disso, tudo é falto de clareza, incerto, mítico, fabuloso, e tradição
indigna de confiança. A história romana não estende-se muito atrás, de
qualquer forma, apenas dois mil e setecentos anos desde que Roma foi fundada,
e também os seus primeiros séculos são cobertos por tradição incerta. Três
mil anos no passado nas histórias de Babilônia, Síria e Egito nos conduzem a
um período onde seus registros são fragmentários e envolvidos numa grande
obscuridade. Na história da China, isto leva-nos à dinastia Tchou, onde os
eventos da história chinesa
“começam
a
serem mais dignos de confiança.” Na Grécia, notável por sua sabedoria nos
passados três mil anos, sobre todas as nações.
Com
quem podíamos esperar encontrar a exatidão da história, no que nós
encontramos? Encontramos as suas datas exatas durante os últimos dois mil e
seiscentos anos, mas não exatas além disso no passado. As posteriores destas,
nos aparecem no que é conhecido como “fabuloso, de um período pré-histórico”
ou mitologia grega. O único cálculo razoável e interligado dos primeiros
três mil anos do homem sobre a terra é fundamentado na Bíblia; e este fato
está seguramente em harmonia com as suas reivindicações de origem divina,
direção e preservação.
Assim
como com a história, também com as datas: O mundo não tem recursos, à parte
da Bíblia, para traçar sua cronologia antes do que 776 a. C. Sobre este
assunto nós citamos o Professor Fisher, do colégio de Yale. Ele diz: “Um
exato método de estabelecer datas foi alcançado lentamente. A divisão de
eras foi indispensável para este fim.
A
primitiva definição de tempo
data-se desde os eventos estabelecidos em Babilônia — a era de Nabonassar,
747 d. C. “Os gregos (começando cerca de 300 anos a. C.) dataram eventos
desde a primeira vitória registrada nos jogos olímpicos, 776, a. C. Estes
jogos ocorreram a cada quatro anos. Cada olimpíada portanto realizava-se num
período de quatro em quatro anos. Os romanos, entretanto não por alguns
séculos depois da fundação de Roma,
[37]
dataram a partir
desse
evento; isto é, desde 753 a. C.”
Em
outra evidência essas numerosas assim chamadas histórias do passado remoto
tão ligadas com imaginações e tradições míticas que fazem-nas sem valor para
a data cronológica, e totalmente indignas de consideração, citamos como
segue da
Enciclopédia Americana,
sob
o título,
cronologia: —
“A
história dos povos da Antigüidade, a menos que façamos uma exceção no caso
dos hebreus, estende-se no passado em períodos míticos de milhares ou
milhões de anos; e até depois que os registros começam a assumir um aspecto
histórico, as divergências são muito grandes. ... As inscrições assírias,
babilônicas e egípcias estão em linguagens extintas, e em caracteres por
longo tempo obsoletos. ... As datas gregas e romanas são geralmente bem
autenticadas para a primeira olimpíada, 776, a. C., e o estabelecimento do
consulado, 510 a. C., antecedentes a estas são principalmente tradicionais
ou legendárias. Herodoto é de valor apenas quanto aos eventos do seu próprio
tempo, cerca de 450 a. C., e esses de um ou dois séculos anteriores.”
Clinton na sua obra sobre
Cronologia Grega
(página
283) diz: “Estas histórias contidas nas Escrituras Hebraicas apresentam um
agradável e notável contraste com os primitivos cálculos dos gregos. Na
última traçamos com dificuldade uns poucos fatos obscuros preservados para
nós pelos poetas, que transmitiram, com todos os embelezamentos da poesia e
fábula, que eles tiverem reconhecido segundo tradição oral. Nos anais da
nação hebraica, temos narrativas autênticas escritas pelos contemporâneos
sob a orientação da inspiração. O que eles nos têm transmitido vem portanto
sob dupla autorização. Eles foram ajudados pela inspiração divina, a
registrar fatos sobre os quais, como meras testemunhas humanas, sua
evidência seria válida.”
A
Bíblia, nossa história provida por Deus, dos primeiros três mil anos, é a
única obra no mundo que — começando com Adão, o primeiro homem mencionado na
história, monumento ou inscri- [38]
ção,
cujo nome, o tempo da sua criação e morte estão registrados, e do qual seus
descendentes podem ser traçados pelo nome e idade em sucessivas ligações por
quase quatro mil anos — fornecendonos uma história clara e interligada com
aplicação a um period onde a história universal é bem autenticada. Assim
como deveremos ver, o registro bíblico prolonga-se até o primeiro ano de
Ciro, 536 a. C. , uma data bem estabelecida e geralmente aceita. Ali a linha
da cronologia bíblica é descontinuada — até a um ponto onde a história
universal é de confiança. Deus tem portanto provido para seus filhos um
registro claro e interligado com aplicação ao tempo presente. A Bíblia pelas
suas profecias acrescenta à história, com aplicação até a consumação “da
restauração de todas as coisas”, no fim do sétimo milênio, de onde a nova
era de bemaventurança eterna começará a ser datada. A Bíblia é portanto o
único registro no mundo que fornece uma visão como um todo da história
humana. Ela leva-nos desde o paraíso perdido de Gênesis até o paraíso
restaurado do Apocalipse, traçando o caminho da humanidade dentro da
eternidade. Tomadas em conjunto, a história e a profecia da Bíblia
proporcionam uma visão panorâmica do processo completo dos eventos desde a
criação e queda do homem até sua reconciliação e restituição. A Bíblia,
portanto, é o mapa de toda a história. Sem ela, como tem sido
verdadeiramente dito, a história seria “como rios que fluem desde nascentes
desconhecidas para mares desconhecidos”; mas sob suas orientações podemos
seguir o curso destes rios desde suas nascentes, sim e ver seu glorioso fim
no oceano da eternidade.
Só
na Bíblia, portanto, podemos esperar encontrar um registro que porá em ordem
corretamente os períodos não harmônicos e irregularidades cronológicas que
os anais da história humana à primeira vista apresentam — em harmonia
mutuamente e com os períodos da natureza.
Começando com a pergunta: Quanto tempo transcorreu desde a criação do homem?
Devemos depositar confiança naquele que
[39]
deu
as profecias, e disse que no tempo do fim elas devem ser entendidas; ele tem
provido em sua Palavra os dados necessaries para habilitar-nos a
corretamente determinar a posição dessas profecias. Todavia, seja quem for
que espere encontrar estas matérias tão claramente estabelecidas assim como
para serem convincentes ao mero leitor superficial, ou ao céptico não
sincero, será desapontado. Os tempos e épocas de Deus são dados de uma certa
maneira como que para ser convincente, até este tempo, apenas para aqueles
que, pelo conhecimento com Deus, são aptos a reconhecerem os seus métodos
característicos. A evidência é dada “para que
o
homem de Deus
seja
... perfeitamente preparado”. (2 Tim. 3:17) Estes bem sabem que em todos os
caminhos pelos quais seu Pai os guia eles devem andar pela fé, e não pela
vista. A todos que estão preparados para andar assim, esperamos poder
indicar a cada passo, as afirmações sólidas da Palavra de Deus — uma
fundação segura para a fé razoável.
Não
discutiremos aqui os méritos das versões
Septuaginta
e
Hebraica das Escrituras do Velho Testamento, as suas diferenças nos dados
cronológicos, etc., mas nós mesmos daremos satisfação, e confiamos ao leitor,
afirmando que a primeira foi uma tradição dos egípcios, enquanto que a
última é o registro hebraico original; fatos que, tomados em conexão com a
quase supersticiosa veneração com a qual os hebreus guardavam todo i e til
desses sagrados escritos, é forte evidência da confiança da Versão Hebraica.
A sua aceitação pelos eruditos é completamente geral, e neste volume
seguimos as suas datas, etc.
Aqui
fornecemos a evidência de que desde a criação de Adão até 1873 d. C.
transcorreram seis mil anos. E ainda que a Bíblia não contenha afirmação
direta de que o sétimo milênio será a época do reinado de Cristo, o grande
Dia do Sábado da restauração do mundo, contudo a tradição venerável não está
sem um fundamento razoável. A lei dada a Israel, o povo típico, decretando
que seis dias de trabalho e cansaço deviam ser seguidos por um de
[40]
repouso e descanso das suas próprias obras parece adequadamente ilustrar os
seis mil anos nos quais toda a criação trabalha e geme debaixo da escravidão
do pecado e morte (Rom. 8:22) num esforço vão de livrar-se; e o grande Dia
Milenar no qual os cansados e oprimidos podem vir a Cristo Jesus, o pastor e
bispo das suas almas, e através dele encontrar descanso, refrigério e
restauração — no qual, pelos méritos do seu precioso sangue, poderão achar
arrependimento e remissão dos pecados. No sétimo dia típico ele perguntou ao
enfermo, “Queres ficar são?” E em resposta a sua fé e obediência deu-lhe a
força para levantar, tomar o seu leito e andar. (Veja João 5:6-9; também
Mat. 12:10, 13; João 7:23; Luc. 13:11-16; 14:1-5) Assim, durante o Sábado
antitípico, o Milênio, isto será declarado a todo o mundo que
“quem
quiser”
pode
ter a vida e saúde eternas se tomar os passos da fé e obediência.
Não
devemos olhar sem examinar o fato já notado (Volume I, Estudo VIII), que o
termo
dia
é
indefinido, e significa apenas um período de tempo, seja de longa ou curta
duração. O apóstolo Pedro notificou que o sétimo período de mil anos da
história do mundo seria o sétimo dia na conta de Deus, dizendo: “Mas vós,
amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e
mil anos como um dia. Virá, ... o dia do Senhor”, etc. — 2 Ped. 3:8, 10.
Se,
então, o sétimo período de mil anos da história do mundo sera uma época
especialmente destacada como o período do reinado de Cristo, por demonstrar
que começou em 1873 d. C., estaremos comprovando que
já
nele
estamos. Isto traz à lembrança o que já temos notado no volume precedente,
que as Escrituras indicam que a aurora do Milênio, ou dia do Senhor, será
escuro e tempestuoso, e cheio de transtornos sobre o mundo e sobre a Igreja
nominal, ainda que a sua luz amanhecente mais matutina sera cheia de
conforto e ânimo para os santos, os quais tiram o seu conforto e paz da
esperança que lhes está proposta no Evangelho,
[41]
a qual, como uma
âncora, entra além do tempo de tribulação, e firma-se nas promessas
preciosas do levantar do sol e splendor Milenar: — vêem além do tempo de
tribulação o reino glorioso e as bênçãos prometidas.
A condição geral
do mundo hoje, e o desenvolvimento rápido desde 1873 do socialismo, niilismo
e comunismo, cujo objetivo declarado é o transtorno das autoridades que
existem, e a redistribuição das riquezas do mundo, certamente que não estão
em desacordo com o que devemos esperar; seja o quanto for que, em alguns
respeitos, estas coisas possam ser desaprovadas por aqueles que amam a lei,
ordem e paz. Apenas os que vêem que a vindoura anarquia e tribulação serão
agências de Deus para o estabelecimento de uma lei e ordem ainda mais
completas e uma paz mais permanente, serão livrados do medo opressivo quando
eles passarem por ela.
Nem é esta
indicação da sétima época, ou Milênio, o único valor da cronologia; pois
enquanto apresentaremos várias linhas de profecia inteiramente independentes
da cronologia, esta é a medida pela qual as várias linhas da profecia estão
estabelecidas. A concordância perfeita entre estas duas classes de ensino
profético, algumas dependentes na, e outros independentes da, cronologia, é
comprovação muito forte, não apenas da precisão dessas aplicações, senão
também da precisão da cronologia que mostra esta harmonia; no mesmo
princípio que uma chave que abrirá um guarda-jóias difícil de abrir é
evidentemente a chave verdadeira. A cronologia dada abaixo harmoniza as
várias declarações proféticas relativas ao Reino de Cristo e o seu
estabelecimento, pela sua demonstração de ordem e tempo relativos. A
cronologia é a haste ou cabo pelo qual todas as comprovações proféticas de
tempo, como os entalhes ou dentes de uma chave, são unidos juntos e operados.
[42]
UM RELATO
ABREVIADO DA
CRONOLOGIA ATÉ O ANO 6000 DEPOIS DA
CRIAÇÃO DE ADÃO
O seguinte relato
abreviado dos períodos cronológicos pode propriamente chamar-se cronologia
bíblica, porque apenas a conta bíblica está em seqüência até o primeiro ano
de Ciro, 536 a. C., uma data bem autenticada e geralmente aceita pelos
eruditos. Aqui termina a linha da cronologia bíblica — um pouco além do
period quando a história universal começa ser de confiança. Isto em si mesmo
é uma evidência marcada da direção e superintendência divinas, para
ajudar-nos apenas onde não podemos servir-nos a nós mesmos.
Desde a Criação
de Adão
Até o fim do
dilúvio ...................................................... 1656 anos
Daquele tempo até
o pacto com Abrão .......................... 427 ”
Daí até o Êxodo e
a dada da Lei .................................... 430 ”
Daí até a divisão
de Canaã ........................................ 46 ”
O período dos
Juízes ..................................................... 450 ”
O período dos Reis
........................................................ 513 ”
O período da
desolação ................................................. 70 ”
Daquele tempo até
o ano 1 d. C. .................................. 536 ”
Daquele ano até o
ano 1873 d. C. ................................ 1872 ”
———
Total
................................................... 6000 anos
Enquanto
consideramos particularmente cada um destes períodos, deixe o leitor calculá-lo
por si mesmo, e ver quão firme é a fundação da nossa fé assentada na Palavra
de Deus. Dois intervalos encontraremos na narrativa histórica do Velho
Testamento; todavia quando descobrimos que no Novo Testamento Deus tem
provido pontes para estender sobre estes dois vãos, deve aumentar a nossa
confiança de que Deus de tal maneira arranjou o registro como para reservar
os seus tempos ou épocas até que viesse o seu devido tem-
[43]
po para revelá-los
— exatamente como Ele tem feito com outras verdades já noticiadas.
Agora examinaremos
os períodos anteriores separadamente, e na sua ordem indicada acima, até o
reinado de Ciro. Tendo vossa Bíblia à mão, verifiquemos cada citação para
que possais receber isto como Palavra de Deus e não dos homens.
A Cronologia do
Período desde a Criação
de Adão até o
Dia em que Secaram-se as Águas do Dilúvio
“Adão
viveu 130 anos, e gerou um filho ... e
pôs-lhe o nome de Sete.” — Gên. 5:3 .........................
130 anos
“Sete
viveu 105 anos, e gerou a Enos.” —
Gên. 5:6
.......................................................................
105 "
“Enos viveu 90 anos, e gerou a Quenã.” —
Gên. 5:9
.......................................................................
90 "
“Quenã viveu 70 anos, e gerou a Maalael.” —
Gên. 5:12
.....................................................................
70 "
“Maalael viveu 65 anos, e gerou a Jarede.” —
Gên. 5:15
.....................................................................
65 "
“Jarede viveu 162 anos, e gerou a Enoque.” —
Gên. 5:18
.....................................................................
162 "
“Enoque viveu 65 anos, e gerou a Matusalém.” —
Gên. 5:21
......................................................................
65 "
“Matusalém viveu 187 anos, e gerou a Lameque.”
— Gên. 5:25
.................................................................
187 "
“Lameque viveu 182 anos, e gerou um filho, a
quem chamou Noé”. — Gên. 5:28, 29 ........................
182 "
“Tinha Noé 600 anos de idade, quando o dilúvio
veio sobre a terra.” — Gên. 7:6
...................................
600 "
Total desde a criação de Adão
até o
dia
em que
secaram-se as águas de sobre a terra. —
Gên. 8:13
....................................................................
1656 anos
Nada mais simples
exato do que isto para algum dia puder ser pedido. Permitam agora examinar o
seguinte período.
[44]
O Período desde
o Dilúvio até o Pacto com
Abraão, no Tempo
da Morte de Terra, o seu Pai
“Sem ... gerou a
Arfaxade, dois anos depois do
dilúvio.” — Gên.
11:10 .................................................... 2 anos
“Arfaxade viveu 35
anos, e gerou a Selá.” —
Gên. 11:12
...................................................................... 35 ”
“Selá viveu 30
anos, e gerou a Eber.” —
Gên. 11:14
...................................................................... 30 ”
“Eber viveu 34
anos, e gerou a Pelegue.” —
Gên. 11:16
...................................................................... 34 ”
“Pelegue viveu 30
anos, e gerou a Réu.” —
Gên. 11:18
...................................................................... 30 ”
“Réu viveu 32 anos,
e gerou a Serugue.” —
Gên. 11:20
...................................................................... 32 ”
“Serugue viveu 30
anos, e gerou a Naor.” —
Gên. 11:22
...................................................................... 30 ”
“Naor viveu 29
anos, e gerou a Tera.”
Gên. 11:24
...................................................................... 29 ”
“Foram os dias de
Tera 205 anos; e morreu”. —
Gên. 11:32
.................................................................... 205 ”
——
Total
........................... 427 anos
Isto, também, é
muito simples e exato. Mas o seguinte period não é tão facilmente traçado;
pois a linha direta da cronologia está interrompida, até depois do êxodo de
Israel do Egito. Daqui nós seríamos totalmente incapazes para prosseguir, se
não fosse que Paulo e Estevão, como os oradores do Espírito, fornecessem o
elo de ligação.
O Período desde
o Pacto com Abraão até a
Dada da Lei
Paulo declara que
a duração deste período foi de quatrocentos e trinta anos. (Gál. 3:17) O
Pacto incluiu a promessa da terra de
[45]
Canaã em perpétua
possessão, e ainda que várias vezes reafirmada a Abraão, a Isaque, e a Jacó,
sempre foi o mesmo pacto. (Veja Gên. 12:7, 8; 13:14-18; 26:3, 4;35:9-12;
46:2-4; 50:24.) Como mostrado por uma comparação de Gên. 12:1-5, 7, e At.
7:2-5, o pacto foi feito (de acordo com a promessa prévia) tão logo como
Abraão tinha plenamente cumprido as condições nas quais ele havia de recebê-lo:
isso foi, tão logo como ele tinha chegado em Canaã, o que fez imediatamente
depois da morte do seu pai, que morreu em Harã, no caminho para Canaã. Tendo
a data do pacto — justamente depois da morte de Tera — assim estabelecida
pela declaração de Estevão, e tendo a afirmação de Paulo que a Lei veio
quatrocentos e trinta anos depois do pacto, o intervalo na cronologia do
Velho Testamento é estendido e assim atravessa-se pelo Novo. Entretanto
leiamos o relato cuidadosamente, e marquemos a particularidade com que a
ponte é construída:
“Ora, o Senhor
disse
[previamente,
antes dele partir da Mesopotâmia, ou Ur dos Caldeus] a Abrão: Sai-te da tua
terra, da tua parentela, e da casa de teu pai [irmãos, e os demais], para a
terra que eu te mostrarei. [E se assim farás] Eu farei de ti uma grande
nação”; etc. (Gên. 12:1, 2. Compare At. 7:2.) Isto indica que Deus tinha
proposto
o pacto
a Abrão antes da morte de Tera, o seu pai, e antes de Abrão vir para morar
em Harã. Contudo ali havia uma estipulação que exigiu a fé e obediência de
Abrão antes de verdadeiramente ser feito o pacto. Esta estipulação foi que
ele devia de manifestar fé na promessa que desta maneira um pacto seria
feito com ele, por partir da sua terra e parentela e ir à terra à que foi
dirigido. Isto fez Abrão; enquanto a sua mulher, seu sobrinho Ló, e seu pai
idoso participaram da sua fé e desejaram compartilhar, foi lhes permitido
fazê-lo, e os quatro partiram para a Terra da Promissão. O seu pai Tera
morreu no caminho, em Harã, depois do qual Abrão passou para Canaã, para que
lá ele pudesse
[46]
assegurar e firmar
o pacto. Como Estevão declarou a Israel: “depois que seu pai faleceu, Deus o
trouxe para esta terra em que vós agora habitais”. “Partiu, pois, Abrão [para
fora de Harã],
como o Senhor lhe
ordenara”.
(At. 7:4; Gên.
12:4) E o pacto foi feito exatamente depois que ele chegou à terra. (Veja
Gên. 12:5-7.) Assim temos a data do pacto, e o começo dos quatrocentos e
trinta anos, fixados como imediatamente depois da morte de Tera, e a cadeia
da cronologia completa até a dada da Lei. O primeiro delineamento da Lei foi
a Páscoa, que foi instituída no mesmo dia em que Israel saiu do Egito. — Êx.
12:41-43, 47, 50, 51.
Em concordância
com isto lemos: “Ora, o tempo que os filhos de Israel moraram no Egito foi
de quatrocentos e trinta anos. E aconteceu que, ao fim de quatrocentos e
trinta anos,
naquele mesmo dia,
todos
os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito.” — Êx. 12:40-42, 51.
Alguns podem
supor que as declarações de Moisés e Paulo (Êx:12:40-42 e Gál. 3:17) não
estão em harmonia, um afirma que o tempo em que os filhos de Israel moraram
no Egito foi de quatrocentos e trinta anos, e o outro, que desde o
testamento (pacto com Abrão) até a dada da Lei haviam quatrocentos e trinta
anos, raciocinando que se apenas quatrocentos e trinta anos passaram entre a
chegada de Abrão em Canaã e a dada da Lei, o tempo de morarem os filhos de
Israel no Egito deve ter sido muito menor. Entretanto deve ser observado que
a declaração não é que Israel morou no Egito quatrocentos e trinta anos, mas
que a duração total da residência temporária desse povo que por algum tempo
viveu no Egito durou quatrocentos e trinta anos. “Ora, o tempo que os filhos
de Israel moraram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos”. A residência
temporária referida aqui começou antes de tudo
[47]
quando Abrão
chegou em Canaã. (Heb. 11:8, 9) Israel residiu temporariamente em Abraão e
em Isaque e em Jacó, ainda assim como Levi pagou dízimos a Melquisedeque,
quando ele estava
ainda nos lombos de
seu pai.
Heb. 7:9, 10.
O pacto com
Abraão entrou em vigor desde o tempo em que, saindo de Harã, chegou em Canaã,
a terra da promessa. Desde esse tempo, ele e todo Israel nele, ainda por
nascer, vieram a ser herdeiros das coisas prometidas,
residentes
temporários,
ou peregrinos, esperando por Deus para o cumprimento da promessa. Esta
peregrinação tinha durado quatrocentos e trinta anos, até o dia, em que
Israel saiu do Egito, e recebeu esse primeiro delineamento da Lei, a
instituição da Páscoa. As declarações de Moisés e Paulo, portanto, referem-se
precisamente ao mesmo período, assim dando evidência positivíssima de que
desde o pacto com Abraão até a dada da Lei passaram-se quatrocentos e trinta
anos. Paulo deu ênfase especial ao fato de que a Páscoa deve de ser
considerada como o começo da Lei (o que Moisés também mostra, Êxodo 12:42,
43, 47, 50), e Moisés deu ênfase especial à exatidão do período, ao dia.
Assim temos o
nosso terceiro período claramente estabelecido. E quando notamos a
particularidade do Senhor para um dia, fornecer este elo na cadeia da
cronologia, nos dá forte confiança, especialmente quando consideramos que
tal particularidade provavelmente não foi de interesse especial para a
Igreja do passado, e não foi dado a nenhum outro do que o presente uso.
Período desde o
Êxodo até a Divisão de Canaã
entre as Tribos
Os quarenta anos
de Israel, ou “dia da tentação no deserto” (Deut. 8:2; Sal. 95:8-10; Heb.
3:8, 9), foi seguido por seis anos de guerra em Canaã, e a divisão da terra
entre as tribos. Um ano, um mês e cinco dias decorreram desde a sua saída do
Egito até sua
[48]
saída de Sinai
para Parã. (Num. 33:3; 10:11-13) E foi então desde Cades-Barnéia do deserto
de Parã que os espias foram enviados. (Num. 13:3-26; 32:8-13) Um destes,
Calebe, quando pediu a sua porção junto a divisão da terra (Jos. 11:23;
10:42), disse: “Quarenta anos tinha eu quando Moisés, servo do Senhor, me
enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra, e eu lhe trouxe resposta, ... E
agora eis que o Senhor, como falou, me conservou em vida
estes quarenta e
cinco anos, desde o tempo em que o Senhor falou esta palavra
a Moisés, andando
Israel ainda no deserto; e eis que
hoje
tenho já oitenta e
cinco anos.” (Jos. 14:7, 10) Assim se vê que isto foi quarenta e cinco anos
desde a espionagem da divisão entre as tribos, como afirmado por Josué, e um
pouco mais que um ano desde o êxodo até o envio dos espias, fazendo quarenta
e seis anos completos a uma fração*
desde o
êxodo até a divisão da terra. Enquanto os primeiros quarenta anos deste
período foram decorridos no deserto, como está mostrado por muitas
Escrituras, notavelmente At. 7:36 e Heb. 3:9, os restantes seis anos até a
divisão da terra se passaram em Canaã, junto a conquista e tomada da posse
da terra prometida.
———————
*Tomamos
em consideração apenas os anos completos, sendo impossível uma conta mais
exata. Às vezes, como acima, os anos são fracionariamente longos. E outra
vez alguns são curtos, como no caso do reinado de Zedequias. Do Zedequias
está dito que reinou onze anos (2 Crôn. 36:11); Jer. 52:11); contudo, dos
versículos 3 até 7 do capítulo posterior, está claro que o seu reinado
vigente foi de dez anos, quatro meses e nove dias. Cremos que estas partes
fracionárias de dez anos compensam-se; e que o Senhor tem assim dirigido e
arranjado a matéria é a nossa confiança, apoiada pelo efeito e os resultados
que se pode deduzir dela, e a exatidão para um dia, ainda em períodos longos
já notados. Como ilustrar a atenção e particularidade de Deus nesta matéria,
veja Gên. 7:11, 13; Êx. 12:40, 41
[49]
O Período dos
Juízes
Agora chegamos até
a parte mais dificultosa da cronologia, o período desde a divisão da terra
até a unção de Saul como rei. Geralmente é chamado o período dos Juízes —
ainda que os Juízes não ocupavam o cargo continuamente. O registro dado nos
livros de Juízes e I Samuel menciona dezenove períodos, aproximando um total
de quatrocentos e cinqüenta anos; mas são desconexos, interrompidos,
sobrepostos, e confundidos de tal modo em grande parte que não poderíamos
chegar à conclusão definitiva deles; e seríamos obrigados de concluir como
outros têm concluído, que nada positivo pode-se saber sobre o assunto, se
não fosse de tal maneira no Novo Testamento suprida a deficiência. Paulo
declara que Deus deu-lhe o território [a terra] delas [das nações] por [sorte]
herança “durante cerca de quatrocentos e cinqüenta anos. Depois disto,
deu-lhes juízes até o profeta Samuel. Então pediram um rei, e Deus lhes deu
por quarenta anos a Saul”. — At. 13:19-21.
A palavra grega
traduzida
por quase
em Al (cerca
de em
SBB;
durante cerca de
em IBB é
hos,
e aqui tem o
sentido de
durante,
ou
enquanto.
O mesmo
escritor usa
hos
em outros lugares
onde é traduzido
quando,
como em Luc.
24:32;
enquanto,
como em At. 10:17,
SBB; IBB; e em outros não é traduzida por uma palavra, mas dá ao verbo a
forma do particípio, como
estando
em At. 1:10 e
10:17, AL. Esta frase se traduziria melhor
“durante
quatrocentos e
cinqüenta anos, lhes deu juízes”. A versão siríaca diz: “E por quatrocentos
e cinqüenta anos lhes deu juízes, até Samuel o profeta” — o último dos “juízes”.
A afirmação da
duração deste período dos Juízes pelo Apóstolo, aceitamos como uma solução
especialmente intencional do problema. Em apenas duas instâncias — os
quatrocentos e trinta anos desde o Pacto até a Lei, e este período dos
Juízes — aqui está alguma incerteza razoável concernente à cronologia do
Velho Testamento, e ambas estão claramente declaradas no Novo. Podemos supor
que isto apenas por acaso aconteceu assim? É mais razoável de supor que Deus
primeiro escondeu a matéria, por deixar incompleto o registro no Velho
Testamento, e mais tarde supriu a deficiência no Novo Testamento; para que a
seu tempo, quando a atenção devia ser chamada para isto, aqueles que teriam
suficiente interesse de comparar os cálculos, pudessem achar os
[50]
elos que faltam,
suprindo numa maneira calculada para ensinar dependência sobre o Grande
Cronômetro.
O Período dos
Reis
O reinado de Saul
foi pelo espaço de quarenta anos seguindo o último Juiz, até que Davi foi
ungido rei, como mostrado acima; e seguindo a ele, os períodos dos reis na
linha de Davi são facilmente traçados nas Crônicas, assim: —
[51]
Os Setenta Anos
de Desolação
Isto nos traz ao
período da desolação da terra, que durou setenta anos, e terminou pela
restauração do seu povo da Babilônia, no primeiro ano de Ciro, em 536 a. C.
(Veja 2 Crôn. 36:20, 23), uma data bem estabelecida na história universal, e
além da qual a linha da cronologia bíblica não estende-se.
O Período desde
a Restauração até 1873 d. C.
O período desde o
tempo da restauração dos judeus da Babilônia, até o fim dos setenta anos de
desolação de sua terra, no primeiro ano de Ciro, até a data conhecida como 1
d. C., não está abrangido pela história bíblica. Entretanto como já temos
dito, está bem estabelecido pela história universal como um período de 536
anos. Ptolomeu, um sábio grego-egípcio, geômetra e astrônomo, tem bem
estabelecido estes cálculos. Eles são geralmente aceitados pelos eruditos, e
conhecidos como o Cânon de Ptolomeu.
Assim temos achado
uma linha de cronologia clara e ligada desde a criação até o começo da era
cristã (d. C.) — em conjunto, um período de quatro mil e cento e vinte e
oito (4128) anos, que, junto com mil e oitocentos e setenta e dois anos da
era cristã, fazem seis mil anos desde a criação
até
o ano 1873 d. C.
Esta
Comparada com a Cronologia de Ussher
Será interessante
para alguns saber em que difere a cronologia acima da introduzida nas
margens de algumas Bíblias, conhecida por Cronologia de Ussher. A diferença
entre as duas, até o tempo dos setenta anos de desolação, é de cento e vinte
e quatro (124) anos. Esta diferença é feita sobre quatro períodos de 18, 4,
2, e 100 anos — como segue:
Ussher data os
setenta anos da desolação,
dezoito anos
mais
antecipado do que os acima citados — isto é, antes do
[52]
destronamento de
Zedequias, o último rei de Judá — porque ele figurou que o rei da Babilônia
tomou muito do povo cativo naquele tempo.*
(2 Crôn.
36:9, 10, 17; 2 Reis 24:8-16) Evidentemente faz o equívoco não incomum de
considerar a esses setenta anos como o período do
cativeiro,
enquanto que o
Senhor expressamente os declara serem setenta anos de
desolação
da terra, que
a terra devia repousar em “uma desolação, de sorte que fiquem sem habitantes”.
Tal não foi o caso antes do destronamento de Zedequias. (2 Reis 24:14) Porém
a desolação que seguiu a derrota de Zedequias foi completa; pois, ainda que
alguns dos pobres da terra foram deixados ficar para vinheiros e para
lavradores (2 Reis 25:12), por curto tempo; ainda estes — “todo o povo,
tanto pequenos como grandes” — foram para o Egito, porque temiam os caldeus.
(Versículo 26) Não cabe dúvida aqui: e portanto na contagem de tempo até a
desolação
da terra,
todos os períodos
até o fim do reinado de Zedequias devem ser incluídos, como temos feito.
—————————
*Note,
entretanto, que este cativeiro parcial ocorreu
onze,
não dezoito, anos
antes do destronamento do Rei Zedequias.
A diferença de
quatro
anos
está no reinado de Jeorão. Ussher o dá como um reinado de quatro anos,
enquanto a Bíblia diz que foi de oito anos. — 2 Crôn. 21:5; 2 Reis 8:17.
Da diferença de
dois anos,
um ano
acha-se durante o curso do reinado de Acaz, o que Ussher dá como quinze,
enquanto a Bíblia diz que foi de dezesseis anos. (2 Crôn. 28:1; 2 Reis 16:2)
E o outro está no período de Joás, que Ussher conta como trinta e nove,
enquanto que a Bíblia o dá como quarenta anos. — 2 Reis 12:1; 2 Crôn. 24:1.
Estas diferenças
podem ser esclarecidas apenas pela suposição que Ussher seguiu, ou procurou
seguir, a Josefo, um historiador judaico cujas datas cronológicas são já
geralmente reconhecidas como imperfeitas e sem fundamento. Nós confiamos
exclusivamente na Bíblia, crendo que Deus é o seu próprio interprete.
À parte desta
diferença de vinte e quatro anos no período dos
[53]
Reis, está outra
discordância entre a cronologia bíblica acima e a de Ussher, a saber,
cem anos
no período dos
Juízes. Aqui Ussher é enganado pelo erro evidente de 1 Reis 6:1, que diz que
o quarto ano do reinado de Salomão foi no ano quatrocentos e oitenta depois
da saída da terra do Egito. Evidentemente deve ser o ano quinhentos e
oitenta, e possivelmente deve ser um erro de transcrição; pois se aos quatro
anos de Salomão adicionarmos os quarenta de Davi e os quarenta de Saul, e os
quarenta e seis desde a saída do Egito até a divisão da terra, temos cento e
trinta anos, os quais subtraídos dos quatrocentos e oitenta deixariam apenas
trezentos e cinqüenta anos para o período dos Juízes, em vez de os
quatrocentos
e
cinqüenta anos mencionados nos Livro dos Juízes, e por Paulo, como antes
indicado. A letra hebraica “daleth” (4) é muito parecida como a letra “hê”
(5), e supõe-se que foi assim se deu o erro, possivelmente o erro de um
transcritor. Portanto, 1 Reis 6:1, deve rezar
quinhentos
e oitenta, e
assim estar em harmonia perfeita com as outras declarações.
Desta maneira a
Palavra de Deus corrige os poucos e pequenos erros que foram insinuados para
dentro dela por qualquer forma.*
E deve-se
lembrar que interrupções ocorrem no período atravessado eficazmente pelo
testemunho inspirado do Novo Testamento.
————————
*Uma
discordância similar será notada na comparação de 2 Crônicas 36:9 com 2 Reis
24:8, um dando dezoito anos e o outro evidentemente incorreto, dando oito
anos como a idade de Joaquim, que reinou três meses, e fez o que era mau aos
olhos do Senhor, e foi castigado pelo cativeiro, etc. Tal erro facilmente
poderia ocorrer, mas Deus assim tem guardado a sua Palavra, que os poucos
erros triviais de copistas são feitos muito óbvios, e a harmonia plena da
sua Palavra dá fundamento amplo a fé.
Então, enquanto
Ussher conta 1 d. C. como o ano 4005 desde a criação de Adão, realmente como
temos mostrado, o ano 4129, de acordo como conta o registro bíblico, assim
mostrando o ano1872 d. C. ser o ano do mundo 6000, e 1873 d. C. o começo do
sétimo
[54]
período de mil anos, o sétimo milênio, ou dia de mil anos da história da
terra.
Assim a cronologia
colhida da Bíblia só, desde a criação até a bem autenticada história
universal, é clara e forte, trazendo evidência, também, dos métodos
peculiares da providência divina no seu registro, no seu encobrimento e no
seu gradual esclarecimento a seu tempo. E isto, junto com as datas seguras
da era cristã e os vários séculos anteriores à mão, nos habilita determinar
a nossa situação no decurso do tempo. E começamos esperançosamente levantar
nossas cabeças e regozijar-nos, quando compreendemos que atualmente estamos
impulsionados para a gloriosa idade do sétimo milênio — ainda que
reconhecemos que o seu início é para ser escuro e cheio de tribulação, como
predito pelos profetas, e que as nuvens tempestuosas já estão formando-se e
obscurecendo cada vez mais.
A DATA DO
NASCIMENTO DO NOSSO
SENHOR
No sexto século a
Igreja começou a contar o tempo desde o nascimento do nosso Senhor, e fixou
a data de d. C. como agora permanece; isto é, 536 anos depois do primeiro
ano de Ciro, rei da Pérsia.*
Se o
colocaram corretamente, ou não, isto não afeta a cronologia já dada agora
mesmo, que mostra que os seis mil anos desde a criação de Adão terminaram em
1872 d. C.; porque faz mil oitocentos e setenta e dois anos desde o ano
designado d. C., e o primeiro ano de Ciro foi quinhentos e trinta e seis
anos antes desse ano (d. C.), ou o ano do nascimento do nosso Senhor, ou não.
———————
*O
ano d. C. foi fixado já no sexto século por Dionísio Exígio e outros homens
versados desse período, ainda que acabou não entrando em uso geral até dois
séculos mais tarde.
[55]
Talvez não podemos
explicar isto melhor do que pela velha ilustração de uma linha com um
asterisco nela — assim:
a.C.
———————————*——————————— d.C.
Faça com que a
linha represente aos seis mil anos da história desde a criação de Adão até
1873 d. C; e deixe o asterisco representar o ponto decisivo entre a. C. e d.
C. A mudança desse ponto para um ou outro lado não alteraria o comprimento
do período inteiro, ainda que mudaria os nomes dos anos. A mudança do ponto
de d. C. para trás um ano faria o período a. C. um ano menos, e o período d.
C. um ano mais, porém a soma dos anos a. C e d. C. todavia seria a mesma;
pois o número de anos tomado de um é sempre uma adição ao outro. Entretanto,
deixe-nos examinar
resumidamente
a data
do nascimento do nosso Senhor, como ela será encontrada útil nos nossos
estudos subseqüentes.
Tem tornado-se
costumário entre os sábios para admitir que nosso comumente aceitado d. C. é
incorreto para a soma de quarto anos — que o nosso Senhor nasceu quatro anos
antes do ano designado d. C., que é, no ano 4 a. C. E esta teoria têm sido
seguida pelos publicadores da versão comum da Bíblia em inglês. Não podemos
concordar que 4 a. C. fosse a data verdadeira do nascimento do nosso Senhor.
Ao contrário, encontramos que ele nasceu apenas um ano e três meses antes da
nossa era comum d. C., a saber, em outubro do ano 2 a. C.
A razão geral com
a maioria daqueles que pretendem que d. C. deveria de colocar-se quatro anos
antes para corretamente indicar o nascimento do Salvador, é um desejo de
harmonizar isto com certas declarações do historiador judaico, Josefo,
concernentes à duração do reinado de Heródes o Grande. Segundo uma das suas
declarações, apareceria que Heródes morreu três anos antes do ano estimado
d. C. Se isto fosse verdade, certamente comprovaria que o nosso Senhor
nasceu no ano 4 a. C.; pois ele foi este Heródes que lançou o decreto para a
matança dos infantes de Belém, do
[56]
qual o infante
Jesus foi livrado. (Mat. 2:14-16) Mas esta declaração de Josefo é de
confiança? É verdade que Herodes morreu quarto anos antes do ano d. C.? Nós
respondemos, não: Josefo só não é autoridade suficiente para uma decisão
desta maneira, visto que ele é conhecido e admitido de ser incorreto no seu
registro de datas.
Entretanto esta
opinião tem prevalecido: a data 4 a. C. tem sido geralmente aceitada, e os
acontecimentos históricos e datas têm sido um tanto torcidos para ajustarem-se
a esta teoria e sustentá-la. Entre outras provas supostas de que 4 a. C.
fosse a data própria, foi um eclipse da lua, dito por Josefo de ter ocorrido
um curto tempo antes da morte de Herodes. Tudo o que se sabe desse eclipse é
como segue: Herodes teve colocado uma grande águia dourada sobre o portão do
Templo. Dois judeus notáveis, chamados Matias e Judas, persuadiram a alguns
moços para puxarem-na para baixo. Eles o fizeram, foram aprendidos e
executados. Para fazer a material clara, Josefo relata que havia naquele
tempo outro Matias, um sumo sacerdote, que não teve participação na sedição.
Então acrescenta: “Mas Herodes destituiu este Matias do seu sumo sacerdócio,
e queimou o outro Matias que teve incitado a sedição, junto com os seus
companheiros, vivos, e nessa mesma noite havia um eclipse da lua.” Isto está
registrado como um dos últimos atos proeminentes de Herodes, e é dada uma
data que poderia corresponder com 4 a. C. por Josefo, quem marca a data pelo
eclipse mencionado.
Entretanto desde
que às vezes até quatro eclipses da lua ocorreram num ano, isto é evidente
que exceto sob circunstâncias muito peculiares o registro de tal ocorrência
não prova nada. Onde se dá a hora da noite, a estação do ano e o total do
obscurecimento, como se tem feito em vários casos, o registro é de grande
valor em fixação de datas; mas no caso em consideração, não há nada disso;
portanto absolutamente nada é provado pelo registro, tanto quanto é
concernente à cronologia. Josefo menciona um jejum como tinha sido observado
antes do evento; mas qual jejum, ou quanto tempo
[57]
antes, não está
dito por ele.
Como isto ocorreu,
havia apenas um eclipse da lua em 4 a. C., entretanto em 1 a. C. haviam três.
O eclipse de 4 a. C. foi apenas parcial (seis dígitos, ou apenas a metade da
lua sendo obscurecida), ao passo que todos os três em 1 a. C. foram eclipses
totais — a lua inteira foi obscurecida, e naturalmente por mais tempo,
causando o evento ser muito mais notável. Daqui se a teoria do eclipse tenha
qualquer importância, certamente não é a favor da data anterior, 4 a. C.
Infelizmente, o
tempo da morte de Herodes não é dado por um historiador de confiança. Josefo
dá alguns períodos importantes na sua história, assim como as datas de
alguns eventos; porém estas datas não são dignas de confiança. Algumas delas
ensinariam que Herodes morreu em 4 a. C., mas outras não podem ser
reconciliadas com essa data. Por exemplo, a sua morte é mencionada de ter
acontecido na idade de setenta anos. Ele foi feito governador da Galiléia em
47 a. C., no tempo em que Josefo diz que teve vinte e cinco anos de idade.
(Antiquities of the Jews, página 149:2, isto é: Antiguidades dos Judeus)
Isto daria ao seu nascimento a data 72 a. C. (47 mais 25). Então sua morte
na idade de setenta seria em 2 a. C. em vez de 4 a. C.
Nesta conexão isto
poderá ser bom notar o conflito de opinião entre homens versados concernente
à data exata da morte de Herodes, para que assim seja claro a todos que não
é razão bem fundada aceitar 4 a. C. como a única data em harmonia com Mat.
2:14-16. A Enciclopédia Bíblica de Faussett dá a idade de Herodes quando se
fez governador cerca de vinte anos. Isto determinaria a sua morte, aos
setenta anos, 2 d. C. A Enciclopédia de Chambers e o Dicionário da Bíblia de
Smith dão sua idade de 50 anos até esse tempo, o que colocaria a sua morte
em 7 d. C. A Enciclopédia de Appleton, no artigo sobre ‘Cronologia’, diz:
“Josefo sempre dá datas, mas ele é ao todo descuidado demais para serem
tomadas em consideração.”
[58]
Agora procedemos
para dar a evidência bíblica relativa a este assunto, que concorda mais de
perto com a era comum, e mostra que o nascimento do nosso Senhor ocorreu
apenas um ano e três meses antes de janeiro, do 1 d. C. É como segue:
O ministério do
nosso Senhor durou três anos e meio. As sessenta e nove semanas simbólicas
de anos (Dan. 9:24-27) alcançaram o seu batismo e unção como Messias, e lá
começou a última ou septuagésima semana (sete anos) de favor a Israel. Ele
foi cortado [na morte] no
meio
dessa septuagésima
semana — três anos e meio do início do seu ministério. Sabemos que foi
crucificado no tempo da páscoa, perto do primeiro de abril, seja qual ano
for. Os três anos e
meio
do seu ministério,
que terminou em abril, consequentemente deve ter começado perto de outubro,
seja qual ano for. E outubro de algum ano deve ter sido o mês verdadeiro do
seu nascimento, porque
sem demora
iniciou o seu
ministério tão logo quando teve trinta anos, e não pôde, segundo a Lei (sob
a qual nasceu e a qual obedeceu), começar antes de ter trinta anos. Como
lemos, “Ora, Jesus,
ao começar
o seu
ministério,
tinha
cerca de trinta
anos”.
João, o Batista,
teve seis meses mais do que o nosso Senhor (Luc. 1:26, 36), portanto atingiu
a maioridade (trinta anos segundo a Lei — Núm. 4:3; Luc. 3:23, e etc.) e
começou a pregar seis meses antes que o nosso Senhor chegou à maioridade e
iniciou o seu ministério. A data do começo do ministério de João é
claramente afirmada de ter sido “no décimo quinto ano do reinado de Tibério
César”, o terceiro imperador de Roma. (Luc. 3:1) Esta é uma data, marcada
claramente, da qual não pode haver nenhuma dúvida razoável. Tibério tornou-se
imperador junto a morte de Augusto César, no ano de Roma 767, que foi o ano
14 d.C.
No entanto aqueles
enganados pelas declarações incorretas de Josefo relativas a Herodes, e que
colocam o nascimento de Jesus em 4 a. C. a fim de concordar com ele,
encontram uma dificuldade nesta data claramente registrada por Lucas, e
esforçaram-se
[59]
para fazê-la
harmonizar também com a sua teoria de 4 a. C. Para efetuar isto alegam que
Tibério começou de exercer autoridade uns três ou quatro anos antes que
Augusto morreu, e antes de ser ele plenamente constituído imperador.
Pretendem que possivelmente o seu reinado poderia ter sido contado dessa
data.
Mas tais
suposições serão encontradas sem fundamento, por aqueles que investigarão a
matéria nas páginas da história. Verdade é que Tibério foi exaltado a uma
posição muito importante por Augusto. Porém não foi
quatro
anos antes da
morte de Augusto, como a sua teoria exigiria, senão
dez
anos antes, em 4
d. C. Contudo o poder então conferido nele foi apenas tal como teve sido
desfrutado por outros antes de seus dias. Não foi em nenhum sentido da
palavra poder imperial, e em nenhum sentido da palavra pode ser dito de seu
“reinado”
ter
começado lá: ele era apenas o herdeiro legítimo. Ainda no uso mais exagerado
de linguagem, do seu
“reinado”
não pode ser
dito de ter começado antes da morte de Augusto e a sua própria investidura
no cargo nas mãos do Senado Romano em 14 d. C.
A história diz: “O
Imperador, cuja idade avançada precisou de um associado, adotou a Tibério em
4 d. C.,
renovando
o seu poder de
tribuna.” — Article Tiberius (Artigo sobre Tibério), Rees’ Cyclopedia (Enciclopédia
de Rees).
Ele [Augusto]
determinou conformemente para desenvolver junto a ele [Tibério] uma
participação no governo. ... Esta investidura formal o colocou na mesma
posição como aquela desfrutada pelo veterano Agripa durante seus anos
posteriores, e não cabe dúvida de que foi geralmente considerada como uma
introdução para o primeiro posto no império. ... O programa
para a sucessão
foi
significativamente delineado: Tibério tinha sido ordenado para assumir seu
lugar como o cabeça do Senado, do povo e do exército. ... A
adoção,
que realizou-se ao
mesmo tempo, é datada 27 de junho (ano de Roma 757) — 4 d. C.” — História
dos romanos por Merivale (de Appleton), Volume IV, páginas 220, 221.
[60]
Assim há prova
conclusiva de que o primeiro ano do reinado de Tibério César não foi três ou
quatro anos antes que Augusto morreu; e que as honras mencionadas como
conferidas durante o reinado de Augusto foram conferidas dez, e não quatro
anos antes da morte de Augusto, e não foram em nenhum sentido honras
imperiais.
Podemos, portanto,
considerar a data de Lucas 3:1 não meramente a única fornecida no Novo
Testamento, senão como uma inequívoca. Não cabe a menor dúvida com respeito
a isto nas mentes daqueles que têm investigado isto. Tibério começou a
reinar em 14 d. C. O décimo quinto ano do seu reinado seria portanto o ano
29 d. C., no qual ano, segundo Lucas 3:1-3, iniciou João o seu ministério.
Desde que o trigésimo dia natalício do nosso Senhor e o começo do seu
ministério foram em outubro; e desde que a data do nascimento de João e o
começo do seu ministério foram exatamente seis meses antes, isto deduz que
João começou o seu ministério na primavera, ao redor do primeiro de abril —
exatamente tão logo que atingiu a maioridade. Pois os planos de Deus sempre
são concluídos em tempo exato. Assim, João tinha trinta anos em 29 d. C., no
primeiro de abril; conseqüentemente nasceu em 2 a. C.,*
em
primeiro de abril. E o nascimento de Jesus, seis meses mais tarde, deve ter
sido em 2 a. C., no primeiro de outubro.
———————
*Para
o benefício dos leitores não acostumados a calcular datas, chamamos a
atenção ao fato que no começo do ano 29 d.C., apenas 28 anos completes
tiveram decorrido: o vigésimo nono apenas começou.
De novo, aí é
clara e forte evidência que Jesus foi crucificado na sexta-feira, 3 de abril,
33 d. C. O fato que a sua crucificação ocorreu no fim do décimo quarto dia
do mês “nisã”, e que esta data raramente cai na sexta-feira, entretanto
acabou caindo no ano 33 d. C., estas datas fundamentais tão completas que
até Ussher, que adotou o 4 a C. como a data de nascimento de Jesus, foi
obrigado a admitir que a sua crucificação foi em 33 d. C. Compare as datas
de Ussher na margem da versão comum da Bíblia em inglês com
[61]
Lucas 2:21 e
Mateus 2:1 com as de Mateus 27 e Lucas 23. A data da crucificação sendo 33
d. C., segue que se Jesus tivesse nascido em 4 a. C., teria tido a idade de
36 anos quando morreu; e o seu ministério desde seu trigésimo até seu
trigésimo sexto ano teria sido de seis anos. No entanto é claro que o
ministério do nosso Senhor foi apenas de três anos e meio. E este fato
geralmente concedido é comprovado pela profecia de Daniel concernente ao
corte do Messias no
meio
da septuagésima
semana do favor para Israel.
Assim, é novamente
provado que o nascimento de Jesus aconteceu ao redor de um ano e três meses
antes da nossa era comum, 1 d. C., pois, acabando-se o seu ministério quando
teve trinta e três anos e meio de idade, em 3 de abril de 33 d. C., a data
de seu nascimento pode-se prontamente achar por avaliação recuando até a
data de três anos e meio antes do 3 de abril de 33 d. C. Trinta e dois anos
e três meses antes de 33 d. C. seria o 3 de janeiro, 1 d. C., e um ano e
três meses mais atrás nos traria ao 3 de outubro de 2 d. C., como a data de
nascimento do nosso Senhor em Belém. A diferença entre o tempo lunar usado
pelos judeus, e o tempo solar, agora em uso comum, seria duns poucos dias,
assim que não poderíamos ter certeza de que o dia exato não seja em setembro
perto do dia 27; entretanto o 1 de outubro de 2 a. C. é
aproximadamente
correto.
Nove meses antes desta data nos traria perto do tempo do Natal, 3 a. C.,
como a data em que o nosso Senhor deixou de lado a glória que tinha com o
Pai antes que o mundo existisse e a tomada da, ou mudança para a, natureza
humana começou. Parece que isto foi a origem da celebração do 25 de dezembro
como o dia do Natal. Alguns escritores da história da Igreja ainda alegam
que o dia do Natal celebrou-se originalmente como a data do anúncio por
Gabriel à virgem Maria (Luc. 1:26) Certo é que uma data no meio do inverno
não concorda bem com a declaração da Escritura, que no tempo do nascimento
do nosso Senhor os pastores estavam no campo com o seu rebanho.
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