ESTUDOS
DAS
ESCRITURAS
SÉRIE II
O
Tempo
Está Próximo
ESTUDO IV
OS TEMPOS DOS
GENTIOS
O Que são os
Tempos dos Gentios? — Seu Começo; sua Duração; seu Fim, 1914 d. C. —
Eventos Concomitantes — Eventos a Seguirem — Tempo Literal e Simbólico —
Um Tipo Notável — Indicações Presentes — O Reino de Deus Derrubará o
Domínio Gentio — Portanto Organizado Antes do Fim Dele — Antes de 1914
d. C. — Por Que Contrariado por Reinos Gentios? — Como e Por Que Todos o
Aceitarão por Último com Regozijo? — “As Coisas Preciosas de Todas as
Nações Virão”.
[73]
[Desde que o tópico considerado neste estudo se relaciona muito de perto ao
do estudo XIII do Primeiro Volume “O Plano Divino das Idades”, o leitor será
ajudado sobremaneira por uma recapitulação daquele estudo antes de começar
este.]
“JERUSALÉM
será
pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem”. — Luc. 21:24.
A expressão
“Tempos dos Gentios” foi aplicada por nosso Senhor a esse intervalo na
história do mundo entre a remoção do típico reino de Deus, o Reino de Israel
(Ez. 21:25-27), e a introdução e o estabelecimento do seu antitípico, o
verdadeiro Reino de Deus, quando naquele dia Cristo vier para ser
“glorificado nos seus santos e para ser admirado em todos os que tiverem
crido”.
Durante este
intervalo o domínio da terra havia de ser exercido pelos governos gentios; e
Israel, tanto carnal como espiritual, têm sido e hão de ser sujeitos a estes
poderes até que o seu tempo se expire. Enquanto Deus não aprova nem
recomenda estes governos, reconhece o seu domínio. Em outras palavras, para
fins sábios tem permitido o seu domínio por um tempo determinado.
O domínio da terra
foi dado originalmente a Adão, para sujeitála, possuí-la e governá-la em
justiça. (Gên. 1:28) Adão fracassou, e o domínio perdido pelo pecado foi
tirado dele. Então em seguida aos anjos foi permitido o controle. No entanto,
em vez de elevar a raça caída, alguns deles “não guardaram o seu principado”,
mas caíram na transgressão. Depois do dilúvio, Deus declarou a Abraão
[74]
o seu propósito de
trazer a ajuda necessária à raça pecaminosa e agonizante através de sua
descendência, do meio da qual havia de ser levantado um libertador,
governador e professor, dizendo: “por meio de ti e da tua descendência serão
benditas todas as famílias da terra”.
Esta foi a
primitiva sugestão de um domínio nacional e universal sobre a terra. E esta
sugestão, vinda de Deus, incluía uma aptidão especial, uma superioridade
peculiar deste governador além de todos os outros, e que a sujeição a um tal
governador seria vantagem para toda a humanidade. Que esta promessa para
Abraão encheu os corações e mentes da sua descendência, Israel, e foi bem
conhecida pelos seus parentes, os moabitas e edomitas, a este respeito não
pode haver dúvida. Que tal esperança nacional chegaria a ser conhecida por
outras nações é provável; e se conhecida, não podemos duvidar de que o
orgulho engendraria neles o desejo de ser a nação principal, e de ter
domínio universal, como sendo eles de todos modos tão aptos de dominar e
ensinar e assim abençoar as nações como qualquer um da descendência de
Abraão.
A esperança de
Israel de alcançar o domínio universal, não pela escolha das nações de tê-lo
assim, senão pela escolha e poder de Deus manifestados em seu favor, parece
ter-se expandido também a outras nações. Em qualquer caso, achamos que estes
reis e povos gentios aceitavam os seus domínios como favores dos deuses que
adoravam. E o mesmo pensamento ainda agarra tanto a todo príncipe e
governador insignificante, como aos reis e imperadores mais poderosos. Não
importa quão fracos mentalmente ou fisicamente que sejam, nem quão viciosos
e incompetentes para governar a si mesmos ou aos outros, possuem até um grau
quase insano à idéia que Deus especialmente escolheu a eles e as suas
famílias para governar e abençoar”
(?)
toda a terra. Esta
teoria, aceitada pelas massas do povo, está blasonada em medalhas, moedas, e
papéis do Estado nas palavras: “Rei ———— pela grace de Deus.”
[75]
Assim, enquanto
Israel estava aguardando e esperando o prometido domínio da terra, e amiúde
supunha que estivesse quase ao alcance da sua realização, particularmente
sob os reis Davi e Salomão, o desejo de império universal chegou a ser geral
entre outras nações. E quando Deus estava para tirar a coroa de Israel até
que o verdadeiro descendente da promessa viesse a tomar o domínio,
determinou permitir aos reinos gentios tomar controle e tentar o experimento
de dominar o mundo, para que assim o mundo pudesse também aprender a
futilidade dos seus próprios esforços, através de governo autônomo, enquanto
está em sua atual condição pecaminosa. Como teve dado aos anjos o domínio
perdido por Adão, para demonstrar a inaptidão deles para governar e abençoar
o mundo, assim também nessas circunstâncias entregou esse domínio aos
gentios, para deixá-los tentarem os seus vários métodos, sem ajuda de Deus.
Estes vários
experimentos
Deus permite,
como tantas lições valiosas e necessárias, ocupando o tempo restante até que
venha o Ungido do Senhor, a quem pretence de direito, e tome o domínio e
efetue todos os seus propósitos bondosos.
Visto que Israel
segundo a carne foi típico de Israel espiritual, a Igreja Evangélica, que
também é chamada neste sentido mais alto “o sacerdócio real, a nação santa”
(1 Ped. 2:9), e que a seu tempo há de governar e abençoar a todas as nações,
deste modo o seu reino foi típico em alguns respeitos do Reino de Cristo.
Portanto, quando veio o tempo para Deus entregar o domínio da terra ao
controle dos gentios, foi apropriado que primeiro tirasse a coroa típica de
Israel, e que o reino típico por longo tempo não fosse reconhecido. Isto
fez, declarando que tinham
demonstrando-se
inadequados
para exaltação a
domínio universal, tendo chegado a ser corruptos, vãos, e idolátricos em
proporção como tinham atingido a distinção nacional. Isto foi nos dias do
rei Zedequias; e o decreto divino expressou-se nas palavras do profeta:
“assim diz
[76]
o Senhor Deus:
Remove o diadema, e tira a coroa; esta não será a mesma: exalta ao humilde,
e humilha ao soberbo. Ao revés, ao revés, ao revés o porei; também o que é
não continuará assim, até que venha aquele a quem pertence de direito; e lho
darei a ele”. — Ez. 21:24-27.
Esta tirada da
coroa, ou o domínio, se tem efetuado. Primeiro foi transferido para
Babilônia, e em seguida para Medo-Pérsia, depois para Grécia, e finalmente
para Roma. O caráter destes impérios, assim como registrado nas páginas da
história, temos achado estar de acordo perfeito com as descrições proféticas,
como retratado na visão de Nabucodonosor da grande estátua e na visão de
Daniel dos quatro animais. Esta condição transtornada do domínio de Israel
havia de continuar até Cristo, o herdeiro legítimo do trono de Israel e de
toda a terra, o qual comprou com o seu próprio sangue precioso, viria e
tomaria o controle. Seu, como temos visto, será o quinto império universal
da Terra, o Reino de Deus debaixo de todos os céus. Porém ao contrário dos
quatro domínios precedents que foram permitidos por um tempo determinado, e
portanto reconhecidos, ainda que não aprobatoriamente, este será aprovado e
estabelecido por Deus, como o seu representante na Terra. Será o Reino de
Deus, o Reino do Ungido de Jeová. Será estabelecido gradualmente, durante um
tempo de grande tribulação com o qual a Idade Evangélica concluir-se-á, e no
meio do qual os domínios atuais serão totalmente consumidos, passando com
grande confusão.
Neste estudo
apresentamos a evidência bíblica comprovando que o fim cabal dos tempos dos
gentios, isto é, o fim cabal do seu arrendamento de domínio, se alcançará em
1914 d. C.; e que essa data verá a desintegração do governo de homens
imperfeitos. E seja observado, se isto é para ser um fato firmemente
estabelecido pelas Escrituras, ele o comprovará:*—
———————
*Nota
dos Tradutores: O Prefácio do Autor mais tarde (1916), páginas III, IV,
expôs suas idéias acerca dos sete pontos anotados aqui.
[77]
Primeiro, que
nessa data o Reino de Deus, pelo qual o nosso Senhor ensinou-nos orar,
dizendo: “venha o teu reino”, começará de assumir o controle, e que então em
breve se “suscitará” ou estabelecer-se-á firmemente, na terra, sobre as
ruínas das instituições presentes.
Segundo,
comprovará, portanto, que aquele a quem pertence de direito tomar o domínio
estará presente então como o novo Governador da Terra; e não apenas isto,
mas também ainda comprovará que estará presente por um período considerável
antes dessa data; porque o transtorno destes governos gentios sera
diretamente causado por Ele para despedaçá-los como a um vaso de oleiro
(Sal. 2:9; Apoc. 2:27), e estabelecer em seu lugar o seu próprio governo
justo.
Terceiro,
comprovará que durante algum tempo antes do fim do transtorno, o último
membro da divinamente reconhecida Igreja de Cristo, o “sacerdócio real”, “o
corpo de Cristo”, será glorificado com o Cabeça; porque cada membro há de
reinar com Cristo, sendo co-herdeiro com ele do Reino, o qual não pode ser
suscitado plenamente sem todos os membros.
Quarto, comprovará
que daí em diante Jerusalém não será pisada mais pelos gentios, mas
levantar-se-á do estado do desfavor divino, até a honra; porque os Tempos
dos Gentios já estarão cumpridos ou completados.
Quinto, comprovará
que nessa data, ou antes, começará a desviarse, a cegueira, ou endurecimento,
de Israel; porque seu endurecimento “em parte” havia de continuar
“até
que a plenitude
dos gentios haja entrado” (Rom. 11:25), ou, em outras palavras, até que o
número completo dentre os gentios, que hão de ser membros do corpo ou noiva
de Cristo, seria plenamente escolhido.
Sexto, comprovará
que o grande “tempo de tribulação, qual
[78]
nunca houve, desde
que existiu nação”, atingirá a sua culminação num reinado de anarquia
mundial; e então os homens aprenderão a aquietar-se, e a saber que Jeová é
Deus e que ele será exaltado na terra. (Sal. 46:10) As condições das coisas
declaradas em linguagem simbólica como ondas furiosas do mar, os elementos
ardendo, montes caindo, e os céus dissolvendo-se em fogo, então passarão, e
os “novos céus e uma nova terra” com as suas bênçãos pacíficas começarão de
ser reconhecidos pela humanidade atormentada por aflições da tribulação. No
entanto o Ungido do Senhor e a sua justa autoridade por direito serão
reconhecidos primeiro por uma companhia dos filhos de Deus enquanto passam
pela grande tribulação — a classe representada por
m
e
t
no Mapa das Idades
(veja também as páginas 271 até 276, Volume I; ou 235 até 239, 2.ª edição);
depois, exatamente no seu fim, por Israel segundo a carne; finalmente pela
humanidade em geral.
Sétimo, comprovará
que antes
dessa data
o reino de Deus,
organizado em poder, já estará na terra e então ferirá e esmiuçará a estátua
gentia (Dan. 2:34) — e totalmente consumirá o poder destes reis. O seu
próprio poder e domínio estabelecer-se-ão quando pelas suas diversas
influências e agências ele esmaga às “autoridades que existem” — civis e
eclesiásticas — ferro e barro.
O Começo dos
Tempos dos Gentios, 606 a. C.
As palavras do
nosso Senhor, “até que os tempos*
destes
[dos gentios] se
completem”
implicam que
os tempos dos gentios devem ter um limite definitivamente determinado;
porque um indefinido período sem limites não poderia ser dito se completem.
Assim, então, teve o governo gentio um começo, durará por um
tempo fixo,
e terminará no
tempo determinado.
———————
*A
palavra grega aqui traduzida “tempos” é
cairos,
que significa um
tempo
fixo. É
a mesma palavra traduzida “tempos” nas seguintes passagens: Mar. 1:15; I
Tim. 6:15; Apoc. 12:14; At. 3:19; 17:26. A palavra “época” em At. 1:7 é da
mesma palavra grega.
[79]
O começo destes
Tempos dos Gentios está colocado claramente pelas Escrituras. Daqui, se elas
nos fornecem o cumprimento
também
do período fixo, o
arrendamento de domínio gentio, podemos saber positivamente o tempo em que
terminará. A Bíblia fornece este período fixo, que há de completar-se; mas
ele foi fornecido de tal maneira que não podia ser entendido quando foi
escrito, só quando o lapso de tempo e os acontecimentos da história o
tivessem esclarecido; e ainda então, apenas por aqueles que estavam vigiando
e não estavam sobrecarregados com cuidados do mundo.
A evidência
bíblica é clara e forte que os “Tempos dos Gentios” são um período de 2520
anos, desde o ano 606 a. C. até 1914 d. C. Este arrendamento de domínio
universal aos governos gentios, como já temos visto, começou com
Nabucodonosor — não quando iniciou-se seu reinado, mas quando o reino típico
do Senhor findou-se, e o domínio do mundo inteiro ficou nas mãos dos gentios.
A data do começo dos Tempos dos Gentios é, portanto, definitivamente marcada
desde o tempo da remoção da coroa do reino típico de Deus, de Zedequias, seu
último rei.
De acordo com as
palavras do profeta (Ez. 21:25-27), a coroa foi tirada de Zedequias; e
Jerusalém foi sitiada pelo exército de Nabucodonosor e arruinada, e assim
ficou durante setenta anos — até a restauração no primeiro ano de Ciro. (2
Crôn. 36:21-23) Ainda que Jerusalém foi reconstruída e os cativos voltaram,
Israel nunca teve outro rei desde aquele tempo até o dia de hoje. Embora
restaurados à sua terra e à liberdade pessoal por Ciro, eles, como uma nação,
foram sujeitos sucessivamente aos persas, gregos e romanos. Sob o jugo
destes últimos viviam quando aconteceu o primeiro advento do nosso Senhor,
sendo Pilatos e Herodes deputados de César.
Com estes fatos
diante de nós, prontamente encontramos a data do começo do domínio dos
Tempos dos Gentios; pois o primeiro
[80]
ano do reinado de
Ciro é uma data muito claramente fixada — as histórias tanto seculares como
religiosas com unanimidade marcada estão de acordo com o Cânon de Ptolomeu,
que coloca em 536 a. C. E se 536 a. C. foi o ano em que terminaram-se os
setenta anos da desolação de Jerusalém e começou a restauração dos judeus,
segue que seu reino foi derrocado precisamente setenta anos antes de 536 a.
C., isto é, 536 mais 70, ou 606 a. C. Isto nos dá a data do começo dos
Tempos dos Gentios — 606 a.C.
Reconhecendo o
arrendamento de poder por Deus a estes governos mundanos ou gentios, sabemos
não somente que enfraquecerão e serão derrotados e sucedidos pelo reino de
Cristo quando os seus “tempos” expiram, mas também que Deus não tirará o
domínio deles, para dá-lo ao seu Ungido, até que esse arrendamento expire —
“até que os tempos destes se completem”. Por conseguinte, estamos protegidos
contra a idéia falsa na qual o Papado tem induzido o mundo — de que o Reino
de Deus foi
suscitado
em Pentecostes,
e mais plenamente estabelecido como por ele é pretendido, quando o império
romano converteu-se à cristandade (ao Papado), e atingiu o império tanto
mundano como espiritual no mundo. Vemos desta profecia dos Tempos dos
Gentios que esta pretensão feita pela Igreja de Roma, e mais ou menos
endossada pelos protestantes, é falsa. Vemos que essas nações, as quais
ambos o Papado e o Protestantismo nomeiam-se Nações Cristãs, e cujos
domínios chamam cristandade (isto é, o Reino de Cristo), não são tais. São
“reinos do mundo”, e até que os seus “tempos” se completem, o Reino de
Cristo não pode tomar controle, embora estará organizando-se e preparando
para fazê-lo nos poucos anos que concluem os Tempos dos Gentios, enquanto
estes reinos estarão trêmulos, desintegrando-se, e caindo em anarquia.
Durante a Idade
Evangélica o Reino de Cristo tem existido apenas em sua fase incipiente, em
sua humilhação, sem poder
[81]
ou privilégio de
reinar — sem a coroa, possuindo apenas o cetro da promessa: não reconhecido
pelo mundo, e sujeito às autoridades “que existem” — os reinos gentios. E os
herdeiros do reino celeste têm que seguir assim, até o tempo determinado
para eles reinarem junto com Cristo. Durante o tempo de tribulação,
encerrando esta idade, serão exaltados ao poder, entretanto seu
“reinado”
de justiça
sobre o mundo não poderá preceder a 1915 d. C. — quando os Tempos dos
Gentios tiverem expirado. Portanto é o dever da Igreja aguardar
pacientemente até o tempo determinado para o seu triunfo glorioso: guardar-se
separada dos reinos do mundo como estrangeiros, peregrinos e forasteiros; e,
como herdeiros do Reino vindouro, deixar as suas esperanças e ambições
centralizar-se nele. Os cristãos devem reconhecer o caráter verdadeiro
destes reinos, e, enquanto ficam separados deles, devem prestar-lhes o
devido respeito e obediência, porque Deus lhes tem permitido governar. Como
o apóstolo Paulo ensina: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não venha de Deus”. — Rom. 13:1.
Nem pode Israel
segundo a carne entrar na sua herança há muito prometida, até esse tempo,
ainda que as medidas preparatórias estão sendo previamente tomados; pois
Deus não estabelecerá plenamente nem a fase terrestre nem a espiritual do
seu Reino antes que expire-se este arrendamento aos gentios.
A coroa (o domínio)
foi tirado do povo de Deus (tanto da descendência espiritual como da carnal)
até que os Tempos dos Gentios terminassem — na gloriosa presença do Messias,
que sera não somente “Rei dos judeus”, mas também “Rei sobre toda a terra,
naquele dia”. Alguns podem pensar que esta remoção da coroa de Israel fosse
uma violação da promessa; “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de
autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence”. (Gên.
49:10) Note, porém, uma distinção entre a
coroa
e o
cetro;
pois, ainda que a
coroa passou
[82]
nos dias de
Zedequias, o cetro, como veremos não arrendou-se até seiscentos e trinta e
nove anos — quando o nosso Senhor Jesus, da tribo de Judá e descendência de
Davi segundo a carne, sendo aprovado por Deus, chegou a ser o legítimo e
único herdeiro do cetro da terra prometido há muito tempo.
A promessa de Deus
a Abraão, feita novamente a Isaque e a Jacó, foi que da sua posteridade
viria o grande Libertador que não somente abençoaria e exaltaria a sua
família no mundo, mas também
abençoaria “todas
as
famílias da terra”. Parecia por um tempo como se Moisés, o grande doador da
Lei e libertador, fosse o prometido; mas profeticamente declarou ele ao povo,
“Suscitarvos- á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um profeta
semelhante a mim”,
assim indicando que ele foi apenas um tipo daquele que havia de vir; e
Moisés morreu. Em seguida, a promessa: “O cetro não se arredará de Judá”,
limitou a expectação a essa tribo. E todas as outras tribos numa medida
apegaram-se a Judá em proporção como tinham fé nas promessas de Deus,
esperando uma bênção em combinação com Judá, a seu tempo.
Quando o Rei Davi
levantou-se da tribo prometida, suas vitórias conduziram a grandes
expectativas de um reino estendido, cuja influência se espalharia e
abrangeria o mundo, e
sujeitaria
a todas as
nações à Lei. E quando a sabedoria e a grandeza de Salomão mundialmente
famosas estavam no seu apogeu, seguramente parecia como se a coroa de
domínio
universal
estivesse quase a
seu alcance. A promessa do Senhor a Davi que
dentre a sua
descendência
levantaria um para
assentar-se no seu trono para sempre, tinha limitado a promessa na tribo de
Judá a
uma família,
e essa família já
no trono de Israel. E quando o grande Templo de Salomão foi edificado, e
suas centenas de cantores e sacerdotes foram uma exibição impressiva; quando
a fama da sabedoria e das riquezas de Salomão espalhou-se pelo mundo
interior; quando reis lhe enviavam presentes e desejavam o seu favor; e
quando a rainha de Sabá veio com dádivas para ver a este muitíssimo reno-
[83]
mado e
maravilhoso rei que o mundo ainda não tinha conhecido, não é de admirar que
o peito judaico inchou com esperança e orgulho com o momento, esperado por
longo tempo, para a exaltação da descendência de Abraão, e a bênção de todas
as nações por meio deles, parecia estar exatamente à mão.
Profundo foi o seu
desapontamento quando, depois da morte de Salomão, o reino foi rasgado e por
fim totalmente derrocado, e o povo que tinha esperado governar e abençoar a
todas as nações como a nação santa de Deus, foi levado cativo à Babilônia.
“Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar,
recordando-nos de Sião.” — Sal. 137:1.
Porém ainda que a
coroa foi tirada, isto é, ainda que o
poder
de governar ainda
a si mesmos foi removido, o
direito
de reger (o cetro),
transmitido originalmente na promessa de Deus, não foi removido. Ainda que o
domínio universal foi dado a Nabucodonosor e seus sucessores, como ilustrado
na grande estátua, e pelos quatro grandes animais, todavia havia de
continuar por apenas um período limitado. A promessa original a Israel tinha
cumprido-se — a coroa foi tirada, mas o cetro ficou até que viesse (Siló)
aquele a quem pertence. Isto ainda foi indicado no decreto contra Zedequias:
Tira a coroa — ao revés o porei, até que venha aquele a quem
pertence de direito;
e lho
darei a ele.
Enquanto o pacto
feito com Abraão prometeu o governo e a bênção do mundo por meio da sua
descendência, o pacto da Lei feito com Israel, os filhos de Abraão, limitou
e restringiu esse Pacto Abraâmico, para que apenas tais que plena e
perfeitamente obedeceriam a Lei poderiam reivindicar, ou ter algum direito
de esperar por uma parte no governo e bênção prometidos no Pacto Abraâmico.
Pelo visto este fato, conduziu à formação da seita dos fariseus, que
pretenderam cumprir todo particular da Lei irrepreensivelmente, e “confiavam
em si mesmos, crendo que eram
justos,
e desprezavam os
outros”, chamando a outros “pu- [84]
blicanos e pecadores” e a si mesmos os “filhos de Abraão”, herdeiros do
domínio prometido que havia de abençoar o mundo.
O ensino claro e
forçoso do nosso Senhor Jesus foi em parte dirigido contra os erros dos
fariseus, que supunham que a sua execução cuidadosa de algumas cerimônias
externas da Lei fosse uma plena conformidade com a sua letra e o seu
espírito. O nosso Senhor ensinou o que todos os cristãos agora sabem, que a
Lei, quando vista em sua plenitude, é tão majestosamente perfeita; enquanto
o homem é tão caído e
imperfeito,
e tão sitiado
com tentações tanto de fora como por fraqueza de dentro, que nenhum deles
poderia possivelmente cumprir essa Lei perfeitamente nem ter direito à
bênção abraâmica. As censuras por nosso Senhor contra o farisaísmo não devem
ser entendidas portanto com objeções ao seu esforço para cumprir a Lei sem
falta; nem repreendeu-lhes por falta de plenamente cumprirem à Lei, o que
nenhum homem imperfeito pode fazer. Mas sim repreendeu-os pela hipocrisia
que faziam, em enganar-se a si mesmos e a outros com pretensões de perfeição
e santidade, que tanto eles como outros podiam reconhecer como meramente uma
limpeza do exterior, enquanto os seus corações estavam todavia impuros e não
consagrados. Ele censurou-os por terem uma mera aparência de piedade, e
dedicação simulada, enquanto tinham os seus corações afastados para longe de
Deus. Assim, como o nosso Senhor e Paulo declaram, nenhum deles realmente
cumpriu ou realmente
podia
cumprir à Lei
perfeitamente (João 7:19; Rom. 3:20), ainda que poderiam ter vindo muito
mais perto a uma observância perfeita dos seus requerimentos do que
fizeram.
Não somente
declarou o nosso Senhor em palavras a plena importância da Lei ser: “Amarás
ao Senhor teu Deus de
todo
o teu coração, de
toda
a tua
alma, de
todas
as tuas forças e de
todo
o teu entendimento,
e ao teu próximo como a ti mesmo”, senão que
ilustrou
isto na sua
plena rendição de si mesmo à vontade e ao plano de Deus, em evitar qualquer
plano e ambição própria, e de todo o interesse — um bem entusiástico de
fazer a vontade de
[85]
Deus com
todo
seu coração,
entendimento, alma e força, e amando ao seu próximo como a si mesmo — tudo
isto ainda até a
morte.
Assim por cumprir
as suas condições — por obedecer a Lei perfeitamente, como ninguém da
família humana imperfeita
podia fazer
— o nosso
Senhor Jesus
chegou a ser
herdeiro de todas as bênçãos prometidas naquele Pacto da Lei feito com
Israel no Monte Sinai; e assim também evidenciou-se ser A Descendência de
Abraão a quem a inteira promessa abraâmica agora é aplicada.
O nosso Senhor
assim alcançou para si mesmo o
cetro
(o prometido
direito ou autoridade ou domínio da Terra), que por séculos esteve prometido
que seria dado da tribo de Judá e merecido por alguém da família de Davi. O
grande prêmio pelo qual Israel tinha estado esperando e esforçando-se e
anelando durante séculos, foi ganhado por fim pelo Leão (o forte) da tribo
de Judá. Siló, o grande
Pacificador,
tinha vindo:
ele que não somente fez a paz entre Deus e o homem pelo sangue da sua cruz,
quando redimiu a humanidade da condenação à morte justamente sobre todos;
mas ele que também, quando tomar o seu grande poder e reinar como Rei dos
reis e Senhor dos senhores, derrubará toda a injustiça, a maldade e o pecado,
e estabelecerá paz em uma base segura de santidade. Ele é o Príncipe da Paz.
Quando o cetro (o
direito)
sob o pacto passou ao nosso Senhor Jesus, aquele Pacto da Lei
terminou-se;
pois como
poderia Deus seguir a
oferecer
a outros, sob
quaisquer condições, o prêmio que já tinha sido ganhado por Siló? Portanto,
como o Apóstolo declara que “Cristo é o fim da lei” (do pacto da Lei),
“cravando-o na cruz”. — Col. 2:14.
Assim o “Príncipe
da Paz” obteve a seus súditos tanto a remissão dos pecados como a
restauração, e estabeleceu um reino sempiterno na base da justiça, tal qual
não poderia de nenhum outro modo ter efetuado-se. Desta maneira cumpriu-se a
predição, “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade
dentre seus
[86]
pés [força
geratriz],
até que
venha [Siló] a
quem pertence”. Então ele ficou arredado de Judá, sendo dado ao “Leão (o
forte, a criatura espiritual soberanamente exaltada, o Senhor da glória)
da
tribo de Judá”,
que agora possui este cetro (ou título de autoridade) como o Rei dos reis e
Senhor dos senhores.
Ainda depois dos
setenta anos do cativeiro em Babilônia, quando alguns voltaram e edificaram
o Templo de novo e os muros da cidade, foram eles que tinham respeito à
promessa de Deus, e que esperavam “a consolação de Israel”. Estes juntaram-se
com a tribo de Judá, lembrando-se da promessa de Deus que o Bastão de
autoridade (ou, Legislador), o Libertador, o grande Siló, ou pacificador,
devia de vir dessa tribo. Mas ai! quando veio o pacífico que fez a paz e
propiciação pela iniqüidade pelo sangue da sua cruz, lhe desprezaram e
rejeitaram, esperando não um grande Sumo Sacerdote, senão um grande general.
Tendo recebido
Siló o cetro e “toda a autoridade” na sua ressurreição, por causa da sua
obediência até a morte, certamente primeiro abençoará a Israel — porém não a
Israel carnal, porque não são todos verdadeiros israelitas aqueles que são
chamados assim segundo a carne. (Rom. 9:6) Siló, o
herdeiro,
está
procurando e achando filhos de Abraão segundo o espírito — tais quais
participam da disposição abraâmica de fé e obediência, tanto da sua
posteridade natural como dentre os gentios — para ser um povo para o seu
Nome. (At. 15:14) E
“depois disto”
[depois
de efetuar-se o ajuntamento da sua Igreja escolhida — na ceifa ou fim da
Idade Evangélica, na conclusão dos Tempos dos Gentios] Ele voltará novamente
o seu favor e reedificará as ruínas de Israel, e finalmente de todas as
famílias da Terra, sobre um fundamento melhor que nem penetrou o coração do
homem para idear. Ele que já segura o cetro — “a quem pertence de direito” o
governo — também receberá no vencimento dos Tempos dos Gentios a coroa; “e a
ele obedecerão os povos.” (Gên. 49:10) O cetro, ou título de “toda a
autoridade no céu e na terra”, foi lhe dado na sua ressurreição, mas espera
o tempo determinado pelo Pai — o limite
[87]
dos Tempos dos
Gentios — antes de tomar seu grande poder e começar o seu reinado glorioso.
Veja no Apoc. 11:17, 18.
Agora guardemos na
memória a data já achada pelo começo destes Tempos dos Gentios — a saber,
606 a. C. — enquanto prosseguimos a examinar a evidência comprovando o seu
cumprimento ser de 2520 anos, terminando em 1914 d. C.
Não devemos
esperar encontrar esta informação declarada em palavras explícitas. Portanto
se ela fosse declarada, teria sido conhecida antes do seu tempo. Ela foi
dada de uma maneira pormenorizada como para escondê-la antes do “fim do
tempo”. — Dan. 12:4, 10.
As palavras do
nosso Senhor, “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes
se completem”, não somente sugerem um limite e período definido das
dominações gentias, senão também elas sugerem o pensamento que ainda que
tanto o Israel espiritual como carnal têm estado sujeitos a estes poderes
gentios, todavia estes
“tempos”
são de algum
modo ligados com medidas na cidade terrestre, Jerusalém, e a casa carnal de
Israel. E se nos ocorre — pode ser que Deus predissesse sobre a história de
Israel alguma coisa que nos dê a medida exata destes
“tempos”
aos quais o
nosso Senhor faz alusão? Isto é, com certeza assim.
Dirigindo-nos a
Levítico encontramos registradas bênçãos e maldições de um caráter terrestre
e temporal. Se Israel obedeceria a Deus fielmente, seriam abençoados sobre
outras nações; se não, certos males lhes aconteceriam. A conclusão é
determinada assim: “Andarei no meio de vós, e serei o vosso Deus, e vós
sereis o meu povo. ... Mas se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos os
meus mandamentos, ... Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante
de vossos inimigos; os que vos odiarem dominarão sobre vós, ... em vão
semeareis a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão.”
“Se nem ainda com
isto me ouvirdes, prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais, por [88]
causa dos vossos pecados.” —
Lev. 26:12, 14,
17, 18, 24, 28.
Esta ameaça de
“sete
vezes
de castigo é mencionada três vezes. Os vários castigos mencionados antes das
“sete
vezes”
referem-se a vários cativeiros sob assírios, moabitas, midianitas, filisteus,
etc., durante todos dos quais o cuidado de Deus continuou sobre eles. O seu
procedimento para com eles foi “preceito sobre preceito, preceito sobre
preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali”,
todavia guardou-lhes, e quando arrependeram-se e clamaram a Ele, lhes
escutou e os livrou dos seus inimigos. (Juí. 3:9, 15) Mas quando estes
castigos haviam falhado, Ele aplicou as ameaças sete vezes: a coroa foi
tirade permanentemente, e tanto Israel como o mundo inteiro, foi sujeito aos
poderes bestiais durante
sete vezes.
Assim lhes
aconteceu segundo a advertência de Deus — “Se nem ainda com isto [os
castigos prévios] me ouvirdes ... vos castigarei
sete vezes”.
A conexão em que
as “sete
vezes”
(mais, além, ou adicional) são ameaçadas, indica que incluem um castigo
final e conclusivo sobre este povo
depois
de que os outros
castigos tinham repetidamente falhado a reformá-los permanentemente. A
punição destas
“sete vezes”
terá o efeito
designado de completamente humilhá-los perante o Senhor, assim preparando-os
para receberem as suas bênçãos. Estas
sete vezes
portanto
referem-se ao
cumprimento do
tempo
durante o qual os gentios deviam governar sobre eles. E sem dúvida foi a
este período de “sete vezes” que o nosso Senhor referiu-se, falando dos
“Tempos
dos
Gentios”.
No tempo, em que
os cativeiros e castigos menores deram lugar a este final e grande castigo
nacional de “sete vezes”, aconteceu, como já foi demonstrado, quando o seu
último rei Zedequias foi afastado — desde o qual tem havido um longo período
de castigo — as preditas “sete vezes” ou 2520 anos.
[89]
Na Bíblia uma
“vez”,
ou um
“tempo”,
é usado
no sentido de um ano, quer literal, quer simbólico; mas ao tempo da
expressão de qualquer profecia, não poderia ser entendido se o tempo
referido fosse literal ou simbólico. Os profetas indagaram diligentemente,
mas em vão, para aprender qual o tempo ou qual a ocasião (literal ou
simbólico) que o Espírito indicava. (I Ped. 1:11) Um ano
simbólico
tão usado na
profecia é contado na base de um ano lunar — doze meses de trinta dias cada
um, ou trezentos e sessenta dias — cada dia representando um ano. Por
conseguinte, uma “vez”, um “tempo” ou ano, se simbólico, significa trezentos
e sessenta (360) dias simbólicos, e “sete vezes” (ou tempos) representam
dois mil e quinhentos e vinte (7 x 360 = 2520) dias simbólicos, ou 2520 anos
literais.
A pergunta aqui
apresentando-se é, foram estas “sete vezes” literais ou simbólicas?
Referiram-se a sete anos, ou a dois mil e quinhentos e vinte anos?
Contestamos, foram vezes simbólicas, 2520 anos. Não podem ser entendidos
como sete anos literais; pois Israel teve muitos cativeiros de duração mais
extensa — por exemplo, serviram o rei da Mesopotâmia oito anos (Juí. 3:8), o
rei de Moabe dezoito anos (Juí. 3:14), Rei Jabim vinte anos (Juí. 4:2, 3),
os filisteus um período de quarenta anos e outro de dezoito anos (Juí. 10:7,
8; 13:1), além dos seus setenta anos na Babilônia. Sendo todos estes
períodos muito mais extensos de “sete vezes” ou anos literais, entretanto as
“sete vezes” mencionadas como o ultimo castigo, mais grande e final,
comprova que significam tempo simbólico, não literal, ainda que a palavra
hebraica traduzida
“sete vezes”
em Lev. 26:18,
21, 24, 28, é a mesma palavra traduzida
“tempos”
em Dan. 4:16,
23, 25, 32, exceto que em Daniel a palavra
iddan
está agregada,
enquanto que em Levítico é deixada para ser compreendida. E peculiarmente,
também, repete-se quarto vezes em cada caso. No caso de Nabucodonosor foram
anos literais; não obstante, como veremos, tanto Nabucodonosor
[90]
como os seus “sete
tempos” foram típicos.
Os
“sete tempos”
da
degradação de Nabucodonosor (Dan. 4:16, 23-26)
evidenciaram-se
por
sete anos literais, quando atualmente assim cumpriram-se; e deste modo a
humilhação de Israel e o mundo sob as autoridades “que existem” tem
evidenciado-se
por
sete vezes ou tempos simbólicos — dois mil quinhentos e vinte anos literais.
Este período agora*
falta
apenas vinte e seis anos para vencer-se, e agencias estão trabalhando em
todos lados apontando o fim do domínio gentio, e na vinda da justiça eterna
e de todas as bênçãos do Novo Pacto a Israel e a toda a criação gemente.
———————
*Nota
dos tradutores: Este livro foi escrito em inglês em 1889.
O Fim dos Sete
Tempos de Israel
Este período longo
(“sete vezes”, ou 2520 anos) do castigo de Israel é o período de domínio
gentio — os Tempos dos Gentios. Desde que, como já temos mostrado, os Tempos
dos Gentios começaram em 606 a. C., e haviam de continuar dois mil e
quinhentos e vinte anos, terminarão em 1914 d. C. (2520 – 606 = 1914) Então
as bênçãos registradas na última parte do mesmo capítulo (Lev. 26:44, 45)
cumprir-se-ão; Deus lembrar-se-á e cumprirá a Israel o pacto feito com os
seus pais. — Rom. 11:25-27.
Isto pode mostrar-se
mais claramente a alguns assim:
As “sete vezes” de
castigo de Israel são = 2520 anos.
Começaram quando o
arrendamento de poder
deu-se aos gentios,
que como temos mostrado,
foi 606 a. C.
Portanto, em 1 d. C., 606 anos
——
do seu período
tinham passado, e o resto
indicaria a data
1914 d.
C.
[91]
Como prova de que
um dia por um ano é
uso bíblico
em profecia
simbólica, citamos os seguintes exemplos cumpridos:
a)
Os espias andaram
quarenta dias espiando a Canaã, típico dos quarenta anos durante os quais
Israel andava pelo deserto. (Núm. 14:33, 34)
b)
Quando Deus quis
anunciar a Israel por meio de Ezequiel um período da adversidade, fez que o
profeta o simbolizasse, declarando: “te dei, cada dia por um ano”. (Ez.
4:1-8)
c)
Nessa notável
profecia já cumprida de Dan. 9:24-27, examinada no estudo anterior, no qual
é mostrado o tempo até a unção do nosso Senhor, e também os sete anos de
graça a Israel depois, no meio dos quais o Messias foi “cortado”, tempo
simbólico é usado: Cada dia das setenta semanas simbólicas representou um
ano, e assim cumpriu-se.
d)
De novo, em Dan.
7:25 e 12:7 o período do triunfo do Papado é dado como três tempos e meio, e
sabemos (e mostraremos neste volume) que este cumpriu-se em mil duzentos e
sessenta anos (360 x 3 ½ = 1260. O mesmo período é mencionado no livro do
Apocalipse: No capítulo 12:14 ele é chamado três tempos e a metade de um
tempo (360 x 3 ½ = 1260); no capítulo 13:5 denomina-se quarenta e dois meses
(30 x 42 = 1260); e no capítulo 12:6 é designado mil duzentos e sessenta
dias.
O cumprimento
destas profecias será particularmente examinado depois. Basta agora notar
que o uso pelo Espírito da palavra “tempo”, ou “vez”, noutra parte, concorda
com o uso atual desse termo — que na profecia simbólica um “tempo” ou “vez”
é um ano simbólico de trezentos e sessenta anos; e o fato de que três tempos
e meio, aplicados como uma medida ao triunfo da igreja apóstata, se têm
cumprido em mil duzentos e sessenta anos, estabelece o princípio a partir do
qual os
sete tempos
de domínio gentio
são contados (360 x 7 = 2520) e comprova o seu fim ser em 1914 d. C.; pois
se três tempos e a metade são 1260 dias (anos), sete tempos (vezes) será um
período mais longo exatamente como — duas vezes, isto é, 2520 anos.
[92]
Se tivessem
cumprido-se as “sete vezes” de Israel em tempo literal (sete anos), a bênção
garantida-lhes pelo pacto incondicional de Deus com os seus pais teria
seguido. (Veja Lev. 26:45; Rom. 11:28) Mas não foi este o caso. Todavia não
têm jamais desfrutado dessas bênçãos prometidas; e esse pacto não se
cumprirá, diz Paulo (Rom. 11:25, 26), até que a eleita Igreja Evangélica, o
corpo de Cristo, tenha sido aperfeiçoado como o seu libertador, por meio do
qual o pacto entrará em vigor. “Mas este é o pacto que farei com a casa de
Israel depois daqueles dias [isto é, as
sete vezes
de castigo],
diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu
coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais
cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor;
pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus
pecados.” (Jer. 31:33, 34; Heb. 10:16, 17) “Naqueles dias [os dias de grace
seguindo as sete vezes de castigo] não dirão mais: Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos se embotaram. Pelo contrário, cada um [que
morrer] morrerá pela sua própria iniqüidade; de todo homem que comer uvas
verdes, é que os dentes se embotarão.” — Jer. 31:29, 30.
A restauração no
fim dos setenta anos em Babilônia não foi um livramento do governo gentio;
pois continuavam um povo tributário desde então. Essa restauração meramente
serviu para guardar juntos um povo ao qual o Messias devia apresentar-se.
Foi enquanto o governo gentio já estava segurando o Israel em sujeição, e
devido a esse fato, que o nosso Senhor declarou que eles seguiriam sendo
pisados até que os Tempos dos Gentios expirassem, ou completarem-se. O mundo
é testemunha ao fato de que o castigo de Israel sob o domínio dos gentios
tem sido continuo desde 606 a. C., que ainda continua, e que não há razão
para esperar a sua reorganização nacional antes de 1914 d. C., o limite das
suas “sete vezes” — 2520 anos. Entretanto, ao passo que este período longo
do seu castigo nacional aproxima-se do
[93]
seu fim, podemos
ver indicações marcadas de que a figueira infrutífera está prestes a brotar,
mostrando que o inverno — tempo do mal está terminando, e o verão milenário
aproximando-se, que plenamente restaurará à sua herança prometida e
independência nacional. O fato de que agora estão acontecendo grandes
preparações e expectativas relativas à volta de Israel à sua própria terra é
de si mesmo forte indicação confirmativa deste ensino bíblico. Quanto ao
significado de tal acontecimento, veja o Volume I, páginas 328-342; ou
286-289, 2ª edição.
Outra Linha de
Testemunho
Outro
parecer dos Tempos dos Gentios é apresentado por Daniel — Capítulo 4. Aqui o
domínio original do homem sobre a terra inteira, a sua remoção, e a certeza
da sua restauração, a começar no fim dos Tempos dos Gentios, ilustra-se
convincentemente num sonho dado a Nabucodonosor, a sua interpretação por
Daniel, e o seu cumprimento em Nabucodonosor.
No seu sonho
Nabucodonosor “olhava, e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua
altura; crescia a árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura
chegava até o céu, e era vista até os confins da terra. A sua folhagem era
formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo
dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos
seus ramos, e dela se mantinha toda a carne. ... e eis que um vigia, um
santo, descia do céu. Ele clamou em alta voz e disse assim: Derrubai a
árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai o seu fruto;
afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos. Contudo
deixai na terra o tronco com as suas raízes, numa cinta de ferro e de
bronze, no meio da tenra relva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e
seja a sua porção com os animais na erva da terra. Seja mudada
[94]
a sua mente, para
que não seja mais a do homem, e lhe seja dada mente de animal; e passem
sobre ele
sete tempos.
Esta sentença
é por decreto dos vigias, e mandado dos santos; a fim de que conheçam os
viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem
quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles”.
Está árvore
notável, na sua glória e formosura, representou o primeiro domínio da terra
dada à raça humana no seu representante e cabeça, Adão, a quem Deus disse:
“Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a;
dominai
sobre os peixes do
mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a
terra.” (Gên. 1:28) A Glória original do homem e o poder investido nele
foram na verdade sublimes, e estavam sobre a terra inteira, para abençoar,
alimentar, proteger, e abrigar a tudo o que vive. Porém quando entrou o
pecado, veio a ordem para derrubar a árvore, e a glória, a formosura e o
poder da humanidade foram tirados; e a criação mais baixa já não encontrava
abrigo, proteção, e bênção sob a sua influência. A morte derrubou a grande
árvore, espalhou o seu fruto e as suas folhas, e deixou à criação mais baixa
sem o seu senhor e benfeitor.
No que toca ao
homem, todo poder para recobrar o domínio perdido já tinha passado sem
esperança. Mas desde o ponto de vista de Deus, não foi assim. O domínio
originalmente surgiu do seu plano, e foi a sua dádiva graciosa; e ainda que
tinha mandado derrubá-lo, todavia a raiz — o propósito e plano de Deus de
uma restituição — continuou, ainda que atado com fortes grilhões, para que
não brote até o tempo divinamente determinado.
Como no sonho a
figura muda-se do tronco duma árvore para um homem degradado e trazido à
companhia e semelhança de animais, com o raciocínio destronado e toda a sua
glória afastada, assim vemos o homem, o caído e degradado senhor da terra: o
seu [95]
esplendor e domínio haviam passado. Sempre depois de que a sentença passou,
a raça tem estado tendo a sua porção com os animais, e o coração humano tem
chegado a ser bestial e degradado. Que quadro espantoso, quando consideramos
a passada atual condição semi-civilizada e selvagem da grande maioria da
raça humana; e que ainda a pequena maioria que aspiram a supercar a
tendência para baixo têm êxito apenas até um grau limitado, e isto com
grande trabalho e esforços constantes. A raça tem que ficar na sua
degradação, sob o domínio do mal, até que a lição seja aprendida, que o
altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. E
enquanto os homens estão nesta condição degradada Deus permite alguns dos
caracteres mais vis entre eles para governar sobre eles, para que a sua
amarga experiência atual possa evidenciar-se no futuro para ser de benefício
duradouro.
A veracidade da
interpretação de Daniel, está informando-nos que: “Tudo isso veio sobre o
rei Nabucodonosor”, e que nesta condição insana, degradada e bestial ele
andava errante entre os animais até que
sete tempos
(sete anos
literais no seu caso) passaram-se sobre ele. A interpretação por Daniel do
sonho é relacionada apenas com o seu cumprimento sobre Nabucodonosor; mas o
fato de que o sonho, a interpretação, e o cumprimento são todos tão
cuidadosamente relatados, aqui é evidência de um objetivo, na sua narração.
E a sua aptidão singular como ilustração do propósito divino em sujeitar
toda a raça ao domínio do mal para a sua punição e correção, para a seu
tempo Deus restaurá-la e estabelecê-la em justiça e vida eterna, nos
autoriza a aceitá-lo como um tipo tencionado.
O sonho no seu
cumprimento em Nabucodonosor é especialmente notável quando lembramo-nos que
ele foi feito o representante ou
cabeça
reinante do
domínio humano (Dan. 2:38), e a ele, como senhor da terra, dirigiu-se o
profeta quase com as mesmas palavras que Deus no princípio dirigiu a Adão —
[96]
“a quem
o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força e a glória; e em cuja mão
ele entregou os filhos dos homens, onde quer que habitem, os animais do
campo e as aves do céu, e te fez reinar sobre todos eles”. (Dan. 2:37, 38.
Compare Gên. 1:28) Depois, por causa do pecado, Nabucodonosor recebeu os
“sete tempos” de castigo, depois dos quais o seu entendimento começou de
voltar, e se efetuou a sua restauração ao domínio. Foi restabelecido no seu
reino, e a grandeza foi-lhe acrescentada depois que ele tinha aprendido a
lição precisada à qual referiu-se na linguagem seguinte:
“Mas ao fim
daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei ao céu os meus olhos, e voltou a
mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei
ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio sempiterno, e o
seu reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são
reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e
entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe
dizer: Que fazes? No mesmo tempo voltou a mim o meu entendimento; e para a
glória do meu reino voltou a mim a minha majestade e o meu resplendor. ... e
fui restabelecido no meu reino, e foi-me acrescentada excelente grandeza.
Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalto, e glorifico ao Rei do céu;
porque todas as suas obras são retas, e os seus caminhos justos, e ele pode
humilhar aos que andam na soberba.”
A degradação de
Nabucodonosor foi típica da degradação humana sob governos bestiais durante
sete tempos ou anos simbólicos — um ano por um dia, 2520 anos — desde seu
dia por diante. E seja observado que isto corresponde exatamente com as sete
vezes preditas em Israel, as quais, como acabamos de ver, terminam em 1914
d. C. Pois foi sob este Nabucodonosor que Israel foi levado em cativeiro a
Babilônia, quando a coroa do reino de Deus foi tirada, e as sete vezes
começaram.
[97]
É em perfeita
harmonia com isto que Deus, ao representar estes governos dos gentios, os
descreveu a Daniel como tantos animais selvagens, enquanto no fim deles o
reino de Deus representa-se como dado a
um como o filho do
homem.
A menos que foi
para assim prefigurar a degradação e duração dos Tempos dos Gentios, não
conhecemos a nenhum motivo pelo registro deste pedaço da história de um rei
pagão. Que os seus sete anos de degradação adequadamente ilustraram a
depravação humana, é um fato; que Deus tem prometido uma restauração do
domínio da terra depois de que a humanidade tenha aprendido certas lições
importantes, é também um fato; e que os
sete
tempos simbólicos
dos gentios (2520 anos) terminam no ponto exato quando a humanidade terá
reconhecido a sua própria degradação e inaptidão atual para governar o mundo
com desenvolvimento, e estará preparada para o domínio e reino de Deus, é um
terceiro fato. E a aptidão da ilustração estimula a convicção que os sete
anos de Nabucodonosor, enquanto literalmente cumpridos nele pessoalmente,
tinham uma significação ainda mais importante e mais ampla como uma figura
das sete vezes simbólicas de domínio gentio, que ele representou.
A data exata da
degradação de Nabucodonosor não está declarada, e é sem importância, porque
o prêmio da sua degradação tipificou o inteiro período do domínio gentio,
que começou quando a coroa do típico reino de Deus foi tirada de Zedequias.
Foi bestial exatamente desde o seu início, e os seus tempos são numerados:
os seus limites são colocados por Jeová, e não podem ser ultrapassados.
Que reanimador é o
prospecto trazido à vista no fim destes sete tempos! Nem Israel nem o mundo
da humanidade representado por esse povo já não serão pisados, oprimidos nem
mal governados pelos bestiais poderes gentios. O Reino de Deus e do seu
Cristo será então estabelecido na Terra, e Israel e todo o mundo
[98]
serão abençoados
sob a sua autoridade legítima e justa. Então a raiz da promessa e esperança
plantada por primeira vez no Éden (Gên. 3:15), e trazida através do dilúvio
e transplantada em Israel, o povo típico (Gên. 12:1-3), brotará e florescerá
de novo.
Começou a brotar
no primeiro advento do nosso Senhor, entretanto o tempo determinado ainda
não tinha chegado para ela florescer e produzir os seus frutos abençoados na
restauração de todas as coisas. Mas no fim dos Tempos dos Gentios não
faltarão os sinais seguros da primavera, e será gloriosa a ceifa outonal e
ricos serão os frutos de verão para serem colhidos e gozados nas idades
eternas de glória em seguimento. Então o senhor original da terra, com o
raciocínio restaurado, será plenamente restabelecido, com acrescentada
excelência e glória, como no tipo, e louvará e exaltará e glorificará ao Rei
do Céu.
Já começamos a ver
o raciocínio voltando à humanidade: os homens estão despertando-se a algum
sentido da sua degradação, e estão vigilantes para melhorar a sua condição.
Estão pensando, planejando e conspirando para uma condição melhor da que têm
estado submetendo-se sob os poderes bestiais. No entanto, antes de que
chegam a reconhecer a Deus e o seu domínio sobre todos, experimentarão ainda
um espasmo terrível de demência, do qual conflito despertar-se-ão fracos,
desamparados e desgastados, mas com o raciocínio restaurado a tal grau como
para reconhecer e submeter-se à autoridade dele que vem para restabelecer o
primeiro domínio já há muito tempo perdido, na base permanente da
experiência e conhecimento tanto do bem como do mal.
De fato, isto é
esperança de grandes coisas para alegar, como fazemos, que dentro dos vinte
e seis anos vindouros todos os governos atuais serão derrotados e
dissolvidos*;
no entanto estamos vivendo num tempo especial e peculiar, o “Dia de
[99]
Jeová”, no qual os
assuntos culminam rapidamente; e está escrito, “o Senhor executará a sua
palavra sobre a terra, consumando-a e abreviando”. (Veja o Volume I, estudo
XV) Pelos passados onze anos estas coisas tinham sido proclamadas e
publicadas
substancialmente
como
demonstrado acima; e nesse tempo breve o desenvolvimento das influências e
agências para a subversão e derrota dos impérios mais fortes da terra tem
sido estupendo. Nesse tempo o comunismo, socialismo e niilismo surgiram
vigorosamente, e já estão causando grande inquietação entre os governadores
e principais da terra, cujos corações estão desfalecendo-lhes de terror, e
pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes
presentes estão sendo abalados imensamente, e por fim passarão com grande
estrondo.
———————
*Nota
dos Tradutores: Veja o Prefácio do Autor (1916), páginas III, IV.
Em vista desta
forte evidência bíblica a respeito dos Tempos dos Gentios, consideramos isto
uma verdade estabelecida que o término dos reinos deste mundo, e o pleno
estabelecimento do Reino de Deus, serão realizados perto do fim de 1915 E.
C.*
Então a
oração da Igreja, desde o tempo que o seu Senhor partiu — “venha o teu reino”
— será contestada; e sob essa sabia e justa admiração, toda a terra se
encherá da glória do Senhor — com conhecimento, e retidão e paz (Sal. 72:19;
Is. 6:3; Hab. 2:14); e a vontade de Deus será feita
“assim na terra
como no céu”.
A declaração de
Daniel, de que o Reino de Deus será suscitado, não depois de que estes
reinos da terra estejam dissolvidos, mas nos seus dias, enquanto todavia
existem e têm poder, e que é o Reino de Deus que esmiuçará e consumirá todos
esses reinos (Dan. 2:44), merece a nossa consideração especial. Assim foi
com cada um destes governos bestiais: existiram antes de adquirirem o
domínio universal. Babilônia existiram por longo tempo antes de conquistar
[100]
a
Jerusalém e obter o domínio (Dan. 2:37, 38); Medo-Pérsia existiu antes de
conquistar a Babilônia; e assim com todos os reinos: precisavam primeiro
terem existido e terem recebido poder superior antes que pudessem conquistar
os outros. Assim, também, é com o Reino de Deus: tem existido em estado
embrionário durante dezoito séculos; mas com o mundo conjuntamente foi
sujeito às autoridades “que existem”, “ordenadas por Deus”. Até os seus
“sete tempos” não terminarem, o Reino de Deus não pode chegar a domínio
universal. Porém, como os outros, tem que obter poder adequado para a
derrota destes reinos antes de esmiuçá-los.
———————
*Nota
dos Tradutores: Veja o Prefácio do Autor (1916), páginas III, IV.
Portanto, neste
“Dia de Jeová”, o “dia de tumulto”, “dia de tribulação e de angústia”, o
nosso Senhor toma o seu grande poder (até agora adormecido) e reina, e é
isto que causará o transtorno, ainda que o mundo não o conhecerá durante
algum tempo. Que os santos participarão neste trabalho de esmiuçar aos
reinos atuais, não cabe dúvida. Está escrito: “esta honra será para todos os
santos — para executarem neles o juízo escrito; para prenderem os seus reis
com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro”. (Sal. 149:8, 9) “Ao
que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei
autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as [nações
— os impérios] do modo como são quebrados os vasos de oleiro”. — Apoc. 2:26,
27; Sal. 2:8, 9.
Mas o nosso exame,
no Volume precedente, da grande diferença de caráter entre o Reino de Deus e
os reinos bestiais da terra, nos prepara para vermos também uma diferença
nos modos da arte de guerra. Os métodos de conquista e quebramento serão
largamente diferentes de quaisquer que têm já anteriormente derrotado nações.
Ele que agora toma o seu grande poder para reinar é mostrado em símbolo (Apoc.
19:15) como um cavaleiro que:
“Da sua boca
saía uma
espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com
Os Tempos dos
Gentios [101]
vara de ferro”.
Essa espada é a
verdade
(Ef. 6:17); e
tanto os santos viventes como muitos do mundo estão sendo usados agora como
os soldados do Senhor para derrotar erros e males. Mas que ninguém
apressadamente deduza uma
conversão pacífica
das
nações ser simbolizada aqui; pois muitas Escrituras, tais como Apoc. 11:17,
18; Dan. 12:1; 2 Tess. 2:8; Sal. 149 e 47, ensinam precisamente ao contrário.
Não surpreenda-se,
então, quando nos estudos subseqüentes apresentamos provas de que a
suscitação do Reino de Deus já está iniciada, que está apontado na profecia
como a seu tempo começou o exercício de poder em 1878 d. C., e que a
“batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso” (Apoc. 16:14), que terminará
em 1915 d. C.*,
com a
completa derrota do governo atual da terra, já tem começado. O ajuntamento
dos exércitos está claramente visível desde o ponto de vista da Palavra de
Deus.
———————
*Nota
dos Tradutores: Veja o Prefácio do Autor (1916), páginas III e IV.
Se a nossa visão
está livre de preconceitos, quando temos o telescópio da Palavra de Deus
regulado acertadamente, podemos ver claramente o caráter de muitos dos
eventos que hão de acontecer no “dia do Senhor” — que já estamos no meio
desses eventos, e que “é vindo o grande dia da ira deles”.
A espada da
verdade, já afiada, há de ferir todo costume e sistema mal — civil, social e
eclesiástico. Ainda mais, podemos ver que o ferimento está começando:
liberdade de pensamento, e direitos humanos, civis e religiosos, por muito
tempo perdidos da visão debaixo de reis e imperadores, papas, sínodos,
conselhos, tradições, e credos, estão sendo apreciados e defendidos como
nunca antes. O conflito interno já está fomentando-se: em breve saltará como
um fogo consumidor, e os sistemas humanos e erros, que durante séculos têm
agrilhoado a verdade e oprimido a criação gemente, terão que dissolver-se
diante dele. Sim, a verdade — e o muito difundido e aumentado conhecimento
dela — é a espada que está
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desconcertando e
quebrando os cabeças de muitos países. (Sal. 110:6) Ainda que nesta
tribulação uma bênção está disfarçada: Preparará a humanidade para a
apreciação mais plena da justiça e da verdade, sob o reinado do Rei da
Justiça.
Enquanto os homens
eventualmente virão a compreender que o juízo está feito a linha para medir,
e a justiça o prumo (Is. 28:17), também aprenderão que só as regras estritas
da justiça podem garantir as bênçãos que todos desejam. E, inteiramente
desalentados com os seus próprios meios e os frutos miseráveis do egoísmo,
receberão com agrado e alegremente submeter-se-ão à autoridade justa que
toma o controle; e assim, como está escrito, “as coisas preciosas de todas
as nações virão” — o Reino de Deus, sob o controle absoluto e ilimitado do
Ungido de Jeová.
“Estamos vivendo, estamos morando,
Num tempo grande e terrível.
Numa idade, idades revelando,
Estar vivendo é sublime.
Ouça! o barulho em toda nação,
Ferro com barro feitos em pó.
Escute! o que soa? “É esta criação
Gemendo por um dia melhor.
“Zombadores com desprezo, o Céu vê,
Mas tens só uma hora para lutar.
Vê, a verdade profética se revela!
Vigiai! e vestes brancas cuidai.
Oh! com toda a tua alma permita
Pela verdade difundir a mensagem!
Faça! com toda energia e toda força!
Fale das idades — por Deus reveladas!”