Studies in the Scriptures

Tabernacle Shadows

 The PhotoDrama of Creation

 

ESTUDOS

DAS

ESCRITURAS

 

SÉRIE II

 O Tempo
Está Próximo

 

ESTUDO IV

OS TEMPOS DOS GENTIOS

 

O Que são os Tempos dos Gentios? — Seu Começo; sua Duração; seu Fim, 1914 d. C. — Eventos Concomitantes — Eventos a Seguirem — Tempo Literal e Simbólico — Um Tipo Notável — Indicações Presentes — O Reino de Deus Derrubará o Domínio Gentio — Portanto Organizado Antes do Fim Dele — Antes de 1914 d. C. — Por Que Contrariado por Reinos Gentios? — Como e Por Que Todos o Aceitarão por Último com Regozijo? — “As Coisas Preciosas de Todas as Nações Virão”.

           

[73]  [Desde que o tópico considerado neste estudo se relaciona muito de perto ao do estudo XIII do Primeiro Volume “O Plano Divino das Idades”, o leitor será ajudado sobremaneira por uma recapitulação daquele estudo antes de começar este.]

“JERUSALÉM será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem”. — Luc. 21:24.

A expressão “Tempos dos Gentios” foi aplicada por nosso Senhor a esse intervalo na história do mundo entre a remoção do típico reino de Deus, o Reino de Israel (Ez. 21:25-27), e a introdução e o estabelecimento do seu antitípico, o verdadeiro Reino de Deus, quando naquele dia Cristo vier para ser “glorificado nos seus santos e para ser admirado em todos os que tiverem crido”.

Durante este intervalo o domínio da terra havia de ser exercido pelos governos gentios; e Israel, tanto carnal como espiritual, têm sido e hão de ser sujeitos a estes poderes até que o seu tempo se expire. Enquanto Deus não aprova nem recomenda estes governos, reconhece o seu domínio. Em outras palavras, para fins sábios tem permitido o seu domínio por um tempo determinado.

O domínio da terra foi dado originalmente a Adão, para sujeitála, possuí-la e governá-la em justiça. (Gên. 1:28) Adão fracassou, e o domínio perdido pelo pecado foi tirado dele. Então em seguida aos anjos foi permitido o controle. No entanto, em vez de elevar a raça caída, alguns deles “não guardaram o seu principado”, mas caíram na transgressão. Depois do dilúvio, Deus declarou a Abraão [74] o seu propósito de trazer a ajuda necessária à raça pecaminosa e agonizante através de sua descendência, do meio da qual havia de ser levantado um libertador, governador e professor, dizendo: “por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da terra”.

Esta foi a primitiva sugestão de um domínio nacional e universal sobre a terra. E esta sugestão, vinda de Deus, incluía uma aptidão especial, uma superioridade peculiar deste governador além de todos os outros, e que a sujeição a um tal governador seria vantagem para toda a humanidade. Que esta promessa para Abraão encheu os corações e mentes da sua descendência, Israel, e foi bem conhecida pelos seus parentes, os moabitas e edomitas, a este respeito não pode haver dúvida. Que tal esperança nacional chegaria a ser conhecida por outras nações é provável; e se conhecida, não podemos duvidar de que o orgulho engendraria neles o desejo de ser a nação principal, e de ter domínio universal, como sendo eles de todos modos tão aptos de dominar e ensinar e assim abençoar as nações como qualquer um da descendência de Abraão.

A esperança de Israel de alcançar o domínio universal, não pela escolha das nações de tê-lo assim, senão pela escolha e poder de Deus manifestados em seu favor, parece ter-se expandido também a outras nações. Em qualquer caso, achamos que estes reis e povos gentios aceitavam os seus domínios como favores dos deuses que adoravam. E o mesmo pensamento ainda agarra tanto a todo príncipe e governador insignificante, como aos reis e imperadores mais poderosos. Não importa quão fracos mentalmente ou fisicamente que sejam, nem quão viciosos e incompetentes para governar a si mesmos ou aos outros, possuem até um grau quase insano à idéia que Deus especialmente escolheu a eles e as suas famílias para governar e abençoar” (?) toda a terra. Esta teoria, aceitada pelas massas do povo, está blasonada em medalhas, moedas, e papéis do Estado nas palavras: “Rei ———— pela grace de Deus.” [75]

Assim, enquanto Israel estava aguardando e esperando o prometido domínio da terra, e amiúde supunha que estivesse quase ao alcance da sua realização, particularmente sob os reis Davi e Salomão, o desejo de império universal chegou a ser geral entre outras nações. E quando Deus estava para tirar a coroa de Israel até que o verdadeiro descendente da promessa viesse a tomar o domínio, determinou permitir aos reinos gentios tomar controle e tentar o experimento de dominar o mundo, para que assim o mundo pudesse também aprender a futilidade dos seus próprios esforços, através de governo autônomo, enquanto está em sua atual condição pecaminosa. Como teve dado aos anjos o domínio perdido por Adão, para demonstrar a inaptidão deles para governar e abençoar o mundo, assim também nessas circunstâncias entregou esse domínio aos gentios, para deixá-los tentarem os seus vários métodos, sem ajuda de Deus. Estes vários experimentos Deus permite, como tantas lições valiosas e necessárias, ocupando o tempo restante até que venha o Ungido do Senhor, a quem pretence de direito, e tome o domínio e efetue todos os seus propósitos bondosos.

Visto que Israel segundo a carne foi típico de Israel espiritual, a Igreja Evangélica, que também é chamada neste sentido mais alto “o sacerdócio real, a nação santa” (1 Ped. 2:9), e que a seu tempo há de governar e abençoar a todas as nações, deste modo o seu reino foi típico em alguns respeitos do Reino de Cristo. Portanto, quando veio o tempo para Deus entregar o domínio da terra ao controle dos gentios, foi apropriado que primeiro tirasse a coroa típica de Israel, e que o reino típico por longo tempo não fosse reconhecido. Isto fez, declarando que tinham demonstrando-se inadequados para exaltação a domínio universal, tendo chegado a ser corruptos, vãos, e idolátricos em proporção como tinham atingido a distinção nacional. Isto foi nos dias do rei Zedequias; e o decreto divino expressou-se nas palavras do profeta: “assim diz [76] o Senhor Deus: Remove o diadema, e tira a coroa; esta não será a mesma: exalta ao humilde, e humilha ao soberbo. Ao revés, ao revés, ao revés o porei; também o que é não continuará assim, até que venha aquele a quem pertence de direito; e lho darei a ele”. — Ez. 21:24-27.

Esta tirada da coroa, ou o domínio, se tem efetuado. Primeiro foi transferido para Babilônia, e em seguida para Medo-Pérsia, depois para Grécia, e finalmente para Roma. O caráter destes impérios, assim como registrado nas páginas da história, temos achado estar de acordo perfeito com as descrições proféticas, como retratado na visão de Nabucodonosor da grande estátua e na visão de Daniel dos quatro animais. Esta condição transtornada do domínio de Israel havia de continuar até Cristo, o herdeiro legítimo do trono de Israel e de toda a terra, o qual comprou com o seu próprio sangue precioso, viria e tomaria o controle. Seu, como temos visto, será o quinto império universal da Terra, o Reino de Deus debaixo de todos os céus. Porém ao contrário dos quatro domínios precedents que foram permitidos por um tempo determinado, e portanto reconhecidos, ainda que não aprobatoriamente, este será aprovado e estabelecido por Deus, como o seu representante na Terra. Será o Reino de Deus, o Reino do Ungido de Jeová. Será estabelecido gradualmente, durante um tempo de grande tribulação com o qual a Idade Evangélica concluir-se-á, e no meio do qual os domínios atuais serão totalmente consumidos, passando com grande confusão.

Neste estudo apresentamos a evidência bíblica comprovando que o fim cabal dos tempos dos gentios, isto é, o fim cabal do seu arrendamento de domínio, se alcançará em 1914 d. C.; e que essa data verá a desintegração do governo de homens imperfeitos. E seja observado, se isto é para ser um fato firmemente estabelecido pelas Escrituras, ele o comprovará:*

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*Nota dos Tradutores: O Prefácio do Autor mais tarde (1916), páginas III, IV, expôs suas idéias acerca dos sete pontos anotados aqui. [77]

 Primeiro, que nessa data o Reino de Deus, pelo qual o nosso Senhor ensinou-nos orar, dizendo: “venha o teu reino”, começará de assumir o controle, e que então em breve se “suscitará” ou estabelecer-se-á firmemente, na terra, sobre as ruínas das instituições presentes.

Segundo, comprovará, portanto, que aquele a quem pertence de direito tomar o domínio estará presente então como o novo Governador da Terra; e não apenas isto, mas também ainda comprovará que estará presente por um período considerável antes dessa data; porque o transtorno destes governos gentios sera diretamente causado por Ele para despedaçá-los como a um vaso de oleiro (Sal. 2:9; Apoc. 2:27), e estabelecer em seu lugar o seu próprio governo justo.

Terceiro, comprovará que durante algum tempo antes do fim do transtorno, o último membro da divinamente reconhecida Igreja de Cristo, o “sacerdócio real”, “o corpo de Cristo”, será glorificado com o Cabeça; porque cada membro há de reinar com Cristo, sendo co-herdeiro com ele do Reino, o qual não pode ser suscitado plenamente sem todos os membros.

Quarto, comprovará que daí em diante Jerusalém não será pisada mais pelos gentios, mas levantar-se-á do estado do desfavor divino, até a honra; porque os Tempos dos Gentios já estarão cumpridos ou completados.

Quinto, comprovará que nessa data, ou antes, começará a desviarse, a cegueira, ou endurecimento, de Israel; porque seu endurecimento “em parte” havia de continuar “até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rom. 11:25), ou, em outras palavras, até que o número completo dentre os gentios, que hão de ser membros do corpo ou noiva de Cristo, seria plenamente escolhido.

Sexto, comprovará que o grande “tempo de tribulação, qual [78] nunca houve, desde que existiu nação”, atingirá a sua culminação num reinado de anarquia mundial; e então os homens aprenderão a aquietar-se, e a saber que Jeová é Deus e que ele será exaltado na terra. (Sal. 46:10) As condições das coisas declaradas em linguagem simbólica como ondas furiosas do mar, os elementos ardendo, montes caindo, e os céus dissolvendo-se em fogo, então passarão, e os “novos céus e uma nova terra” com as suas bênçãos pacíficas começarão de ser reconhecidos pela humanidade atormentada por aflições da tribulação. No entanto o Ungido do Senhor e a sua justa autoridade por direito serão reconhecidos primeiro por uma companhia dos filhos de Deus enquanto passam pela grande tribulação — a classe representada por m e t no Mapa das Idades (veja também as páginas 271 até 276, Volume I; ou 235 até 239, 2.ª edição); depois, exatamente no seu fim, por Israel segundo a carne; finalmente pela humanidade em geral.

Sétimo, comprovará que antes dessa data o reino de Deus, organizado em poder, já estará na terra e então ferirá e esmiuçará a estátua gentia (Dan. 2:34) — e totalmente consumirá o poder destes reis. O seu próprio poder e domínio estabelecer-se-ão quando pelas suas diversas influências e agências ele esmaga às “autoridades que existem” — civis e eclesiásticas — ferro e barro.

O Começo dos Tempos dos Gentios, 606 a. C.

As palavras do nosso Senhor, “até que os tempos* destes [dos gentios] se completem” implicam que os tempos dos gentios devem ter um limite definitivamente determinado; porque um indefinido período sem limites não poderia ser dito se completem. Assim, então, teve o governo gentio um começo, durará por um tempo fixo, e terminará no tempo determinado.

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*A palavra grega aqui traduzida “tempos” é cairos, que significa um tempo fixo. É a mesma palavra traduzida “tempos” nas seguintes passagens: Mar. 1:15; I Tim. 6:15; Apoc. 12:14; At. 3:19; 17:26. A palavra “época” em At. 1:7 é da mesma palavra grega. [79]

O começo destes Tempos dos Gentios está colocado claramente pelas Escrituras. Daqui, se elas nos fornecem o cumprimento também do período fixo, o arrendamento de domínio gentio, podemos saber positivamente o tempo em que terminará. A Bíblia fornece este período fixo, que há de completar-se; mas ele foi fornecido de tal maneira que não podia ser entendido quando foi escrito, só quando o lapso de tempo e os acontecimentos da história o tivessem esclarecido; e ainda então, apenas por aqueles que estavam vigiando e não estavam sobrecarregados com cuidados do mundo.

A evidência bíblica é clara e forte que os “Tempos dos Gentios” são um período de 2520 anos, desde o ano 606 a. C. até 1914 d. C. Este arrendamento de domínio universal aos governos gentios, como já temos visto, começou com Nabucodonosor — não quando iniciou-se seu reinado, mas quando o reino típico do Senhor findou-se, e o domínio do mundo inteiro ficou nas mãos dos gentios. A data do começo dos Tempos dos Gentios é, portanto, definitivamente marcada desde o tempo da remoção da coroa do reino típico de Deus, de Zedequias, seu último rei. 

De acordo com as palavras do profeta (Ez. 21:25-27), a coroa foi tirada de Zedequias; e Jerusalém foi sitiada pelo exército de Nabucodonosor e arruinada, e assim ficou durante setenta anos — até a restauração no primeiro ano de Ciro. (2 Crôn. 36:21-23) Ainda que Jerusalém foi reconstruída e os cativos voltaram, Israel nunca teve outro rei desde aquele tempo até o dia de hoje. Embora restaurados à sua terra e à liberdade pessoal por Ciro, eles, como uma nação, foram sujeitos sucessivamente aos persas, gregos e romanos. Sob o jugo destes últimos viviam quando aconteceu o primeiro advento do nosso Senhor, sendo Pilatos e Herodes deputados de César.

Com estes fatos diante de nós, prontamente encontramos a data do começo do domínio dos Tempos dos Gentios; pois o primeiro [80] ano do reinado de Ciro é uma data muito claramente fixada — as histórias tanto seculares como religiosas com unanimidade marcada estão de acordo com o Cânon de Ptolomeu, que coloca em 536 a. C. E se 536 a. C. foi o ano em que terminaram-se os setenta anos da desolação de Jerusalém e começou a restauração dos judeus, segue que seu reino foi derrocado precisamente setenta anos antes de 536 a. C., isto é, 536 mais 70, ou 606 a. C. Isto nos dá a data do começo dos Tempos dos Gentios — 606 a.C.

Reconhecendo o arrendamento de poder por Deus a estes governos mundanos ou gentios, sabemos não somente que enfraquecerão e serão derrotados e sucedidos pelo reino de Cristo quando os seus “tempos” expiram, mas também que Deus não tirará o domínio deles, para dá-lo ao seu Ungido, até que esse arrendamento expire — “até que os tempos destes se completem”. Por conseguinte, estamos protegidos contra a idéia falsa na qual o Papado tem induzido o mundo — de que o Reino de Deus foi suscitado em Pentecostes, e mais plenamente estabelecido como por ele é pretendido, quando o império romano converteu-se à cristandade (ao Papado), e atingiu o império tanto mundano como espiritual no mundo. Vemos desta profecia dos Tempos dos Gentios que esta pretensão feita pela Igreja de Roma, e mais ou menos endossada pelos protestantes, é falsa. Vemos que essas nações, as quais ambos o Papado e o Protestantismo nomeiam-se Nações Cristãs, e cujos domínios chamam cristandade (isto é, o Reino de Cristo), não são tais. São “reinos do mundo”, e até que os seus “tempos” se completem, o Reino de Cristo não pode tomar controle, embora estará organizando-se e preparando para fazê-lo nos poucos anos que concluem os Tempos dos Gentios, enquanto estes reinos estarão trêmulos, desintegrando-se, e caindo em anarquia.

Durante a Idade Evangélica o Reino de Cristo tem existido apenas em sua fase incipiente, em sua humilhação, sem poder [81] ou privilégio de reinar — sem a coroa, possuindo apenas o cetro da promessa: não reconhecido pelo mundo, e sujeito às autoridades “que existem” — os reinos gentios. E os herdeiros do reino celeste têm que seguir assim, até o tempo determinado para eles reinarem junto com Cristo. Durante o tempo de tribulação, encerrando esta idade, serão exaltados ao poder, entretanto seu “reinado” de justiça sobre o mundo não poderá preceder a 1915 d. C. — quando os Tempos dos Gentios tiverem expirado. Portanto é o dever da Igreja aguardar pacientemente até o tempo determinado para o seu triunfo glorioso: guardar-se separada dos reinos do mundo como estrangeiros, peregrinos e forasteiros; e, como herdeiros do Reino vindouro, deixar as suas esperanças e ambições centralizar-se nele. Os cristãos devem reconhecer o caráter verdadeiro destes reinos, e, enquanto ficam separados deles, devem prestar-lhes o devido respeito e obediência, porque Deus lhes tem permitido governar. Como o apóstolo Paulo ensina: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus”. — Rom. 13:1.

Nem pode Israel segundo a carne entrar na sua herança há muito prometida, até esse tempo, ainda que as medidas preparatórias estão sendo previamente tomados; pois Deus não estabelecerá plenamente nem a fase terrestre nem a espiritual do seu Reino antes que expire-se este arrendamento aos gentios.

A coroa (o domínio) foi tirado do povo de Deus (tanto da descendência espiritual como da carnal) até que os Tempos dos Gentios terminassem — na gloriosa presença do Messias, que sera não somente “Rei dos judeus”, mas também “Rei sobre toda a terra, naquele dia”. Alguns podem pensar que esta remoção da coroa de Israel fosse uma violação da promessa; “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence”. (Gên. 49:10) Note, porém, uma distinção entre a coroa e o cetro; pois, ainda que a coroa passou [82] nos dias de Zedequias, o cetro, como veremos não arrendou-se até seiscentos e trinta e nove anos — quando o nosso Senhor Jesus, da tribo de Judá e descendência de Davi segundo a carne, sendo aprovado por Deus, chegou a ser o legítimo e único herdeiro do cetro da terra prometido há muito tempo.

A promessa de Deus a Abraão, feita novamente a Isaque e a Jacó, foi que da sua posteridade viria o grande Libertador que não somente abençoaria e exaltaria a sua família no mundo, mas também abençoaria “todas as famílias da terra”. Parecia por um tempo como se Moisés, o grande doador da Lei e libertador, fosse o prometido; mas profeticamente declarou ele ao povo, “Suscitarvos- á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um profeta semelhante a mim”, assim indicando que ele foi apenas um tipo daquele que havia de vir; e Moisés morreu. Em seguida, a promessa: “O cetro não se arredará de Judá”, limitou a expectação a essa tribo. E todas as outras tribos numa medida apegaram-se a Judá em proporção como tinham fé nas promessas de Deus, esperando uma bênção em combinação com Judá, a seu tempo.

Quando o Rei Davi levantou-se da tribo prometida, suas vitórias conduziram a grandes expectativas de um reino estendido, cuja influência se espalharia e abrangeria o mundo, e sujeitaria a todas as nações à Lei. E quando a sabedoria e a grandeza de Salomão mundialmente famosas estavam no seu apogeu, seguramente parecia como se a coroa de domínio universal estivesse quase a seu alcance. A promessa do Senhor a Davi que dentre a sua descendência levantaria um para assentar-se no seu trono para sempre, tinha limitado a promessa na tribo de Judá a uma família, e essa família já no trono de Israel. E quando o grande Templo de Salomão foi edificado, e suas centenas de cantores e sacerdotes foram uma exibição impressiva; quando a fama da sabedoria e das riquezas de Salomão espalhou-se pelo mundo interior; quando reis lhe enviavam presentes e desejavam o seu favor; e quando a rainha de Sabá veio com dádivas para ver a este muitíssimo reno-  [83] mado e maravilhoso rei que o mundo ainda não tinha conhecido, não é de admirar que o peito judaico inchou com esperança e orgulho com o momento, esperado por longo tempo, para a exaltação da descendência de Abraão, e a bênção de todas as nações por meio deles, parecia estar exatamente à mão.

Profundo foi o seu desapontamento quando, depois da morte de Salomão, o reino foi rasgado e por fim totalmente derrocado, e o povo que tinha esperado governar e abençoar a todas as nações como a nação santa de Deus, foi levado cativo à Babilônia. “Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar, recordando-nos de Sião.” — Sal. 137:1.

Porém ainda que a coroa foi tirada, isto é, ainda que o poder de governar ainda a si mesmos foi removido, o direito de reger (o cetro), transmitido originalmente na promessa de Deus, não foi removido. Ainda que o domínio universal foi dado a Nabucodonosor e seus sucessores, como ilustrado na grande estátua, e pelos quatro grandes animais, todavia havia de continuar por apenas um período limitado. A promessa original a Israel tinha cumprido-se — a coroa foi tirada, mas o cetro ficou até que viesse (Siló) aquele a quem pertence. Isto ainda foi indicado no decreto contra Zedequias: Tira a coroa — ao revés o porei, até que venha aquele a quem pertence de direito; e lho darei a ele.

Enquanto o pacto feito com Abraão prometeu o governo e a bênção do mundo por meio da sua descendência, o pacto da Lei feito com Israel, os filhos de Abraão, limitou e restringiu esse Pacto Abraâmico, para que apenas tais que plena e perfeitamente obedeceriam a Lei poderiam reivindicar, ou ter algum direito de esperar por uma parte no governo e bênção prometidos no Pacto Abraâmico. Pelo visto este fato, conduziu à formação da seita dos fariseus, que pretenderam cumprir todo particular da Lei irrepreensivelmente, e “confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros”, chamando a outros “pu- [84] blicanos e pecadores” e a si mesmos os “filhos de Abraão”, herdeiros do domínio prometido que havia de abençoar o mundo.

O ensino claro e forçoso do nosso Senhor Jesus foi em parte dirigido contra os erros dos fariseus, que supunham que a sua execução cuidadosa de algumas cerimônias externas da Lei fosse uma plena conformidade com a sua letra e o seu espírito. O nosso Senhor ensinou o que todos os cristãos agora sabem, que a Lei, quando vista em sua plenitude, é tão majestosamente perfeita; enquanto o homem é tão caído e imperfeito, e tão sitiado com tentações tanto de fora como por fraqueza de dentro, que nenhum deles poderia possivelmente cumprir essa Lei perfeitamente nem ter direito à bênção abraâmica. As censuras por nosso Senhor contra o farisaísmo não devem ser entendidas portanto com objeções ao seu esforço para cumprir a Lei sem falta; nem repreendeu-lhes por falta de plenamente cumprirem à Lei, o que nenhum homem imperfeito pode fazer. Mas sim repreendeu-os pela hipocrisia que faziam, em enganar-se a si mesmos e a outros com pretensões de perfeição e santidade, que tanto eles como outros podiam reconhecer como meramente uma limpeza do exterior, enquanto os seus corações estavam todavia impuros e não consagrados. Ele censurou-os por terem uma mera aparência de piedade, e dedicação simulada, enquanto tinham os seus corações afastados para longe de Deus. Assim, como o nosso Senhor e Paulo declaram, nenhum deles realmente cumpriu ou realmente podia cumprir à Lei perfeitamente (João 7:19; Rom. 3:20), ainda que poderiam ter vindo muito mais perto a uma observância perfeita dos seus requerimentos do que fizeram. 

Não somente declarou o nosso Senhor em palavras a plena importância da Lei ser: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”, senão que ilustrou isto na sua plena rendição de si mesmo à vontade e ao plano de Deus, em evitar qualquer plano e ambição própria, e de todo o interesse — um bem entusiástico de fazer a vontade de  [85] Deus com todo seu coração, entendimento, alma e força, e amando ao seu próximo como a si mesmo — tudo isto ainda até a morte.

Assim por cumprir as suas condições — por obedecer a Lei perfeitamente, como ninguém da família humana imperfeita podia fazer — o nosso Senhor Jesus chegou a ser herdeiro de todas as bênçãos prometidas naquele Pacto da Lei feito com Israel no Monte Sinai; e assim também evidenciou-se ser A Descendência de Abraão a quem a inteira promessa abraâmica agora é aplicada. O nosso Senhor assim alcançou para si mesmo o cetro (o prometido direito ou autoridade ou domínio da Terra), que por séculos esteve prometido que seria dado da tribo de Judá e merecido por alguém da família de Davi. O grande prêmio pelo qual Israel tinha estado esperando e esforçando-se e anelando durante séculos, foi ganhado por fim pelo Leão (o forte) da tribo de Judá. Siló, o grande Pacificador, tinha vindo: ele que não somente fez a paz entre Deus e o homem pelo sangue da sua cruz, quando redimiu a humanidade da condenação à morte justamente sobre todos; mas ele que também, quando tomar o seu grande poder e reinar como Rei dos reis e Senhor dos senhores, derrubará toda a injustiça, a maldade e o pecado, e estabelecerá paz em uma base segura de santidade. Ele é o Príncipe da Paz.

Quando o cetro (o direito) sob o pacto passou ao nosso Senhor Jesus, aquele Pacto da Lei terminou-se; pois como poderia Deus seguir a oferecer a outros, sob quaisquer condições, o prêmio que já tinha sido ganhado por Siló? Portanto, como o Apóstolo declara que “Cristo é o fim da lei” (do pacto da Lei), “cravando-o na cruz”. — Col. 2:14.

Assim o “Príncipe da Paz” obteve a seus súditos tanto a remissão dos pecados como a restauração, e estabeleceu um reino sempiterno na base da justiça, tal qual não poderia de nenhum outro modo ter efetuado-se. Desta maneira cumpriu-se a predição, “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus [86] pés [força geratriz], até que venha [Siló] a quem pertence”. Então ele ficou arredado de Judá, sendo dado ao “Leão (o forte, a criatura espiritual soberanamente exaltada, o Senhor da glória) da tribo de Judá”, que agora possui este cetro (ou título de autoridade) como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Ainda depois dos setenta anos do cativeiro em Babilônia, quando alguns voltaram e edificaram o Templo de novo e os muros da cidade, foram eles que tinham respeito à promessa de Deus, e que esperavam “a consolação de Israel”. Estes juntaram-se com a tribo de Judá, lembrando-se da promessa de Deus que o Bastão de autoridade (ou, Legislador), o Libertador, o grande Siló, ou pacificador, devia de vir dessa tribo. Mas ai! quando veio o pacífico que fez a paz e propiciação pela iniqüidade pelo sangue da sua cruz, lhe desprezaram e rejeitaram, esperando não um grande Sumo Sacerdote, senão um grande general.

Tendo recebido Siló o cetro e “toda a autoridade” na sua ressurreição, por causa da sua obediência até a morte, certamente primeiro abençoará a Israel — porém não a Israel carnal, porque não são todos verdadeiros israelitas aqueles que são chamados assim segundo a carne. (Rom. 9:6) Siló, o herdeiro, está procurando e achando filhos de Abraão segundo o espírito — tais quais participam da disposição abraâmica de fé e obediência, tanto da sua posteridade natural como dentre os gentios — para ser um povo para o seu Nome. (At. 15:14) E “depois disto” [depois de efetuar-se o ajuntamento da sua Igreja escolhida — na ceifa ou fim da Idade Evangélica, na conclusão dos Tempos dos Gentios] Ele voltará novamente o seu favor e reedificará as ruínas de Israel, e finalmente de todas as famílias da Terra, sobre um fundamento melhor que nem penetrou o coração do homem para idear. Ele que já segura o cetro — “a quem pertence de direito” o governo — também receberá no vencimento dos Tempos dos Gentios a coroa; “e a ele obedecerão os povos.” (Gên. 49:10) O cetro, ou título de “toda a autoridade no céu e na terra”, foi lhe dado na sua ressurreição, mas espera o tempo determinado pelo Pai — o limite [87] dos Tempos dos Gentios — antes de tomar seu grande poder e começar o seu reinado glorioso. Veja no Apoc. 11:17, 18.

Agora guardemos na memória a data já achada pelo começo destes Tempos dos Gentios — a saber, 606 a. C. — enquanto prosseguimos a examinar a evidência comprovando o seu cumprimento ser de 2520 anos, terminando em 1914 d. C.

Não devemos esperar encontrar esta informação declarada em palavras explícitas. Portanto se ela fosse declarada, teria sido conhecida antes do seu tempo. Ela foi dada de uma maneira pormenorizada como para escondê-la antes do “fim do tempo”. — Dan. 12:4, 10.

As palavras do nosso Senhor, “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem”, não somente sugerem um limite e período definido das dominações gentias, senão também elas sugerem o pensamento que ainda que tanto o Israel espiritual como carnal têm estado sujeitos a estes poderes gentios, todavia estes “tempos” são de algum modo ligados com medidas na cidade terrestre, Jerusalém, e a casa carnal de Israel. E se nos ocorre — pode ser que Deus predissesse sobre a história de Israel alguma coisa que nos dê a medida exata destes “tempos” aos quais o nosso Senhor faz alusão? Isto é, com certeza assim.

Dirigindo-nos a Levítico encontramos registradas bênçãos e maldições de um caráter terrestre e temporal. Se Israel obedeceria a Deus fielmente, seriam abençoados sobre outras nações; se não, certos males lhes aconteceriam. A conclusão é determinada assim: “Andarei no meio de vós, e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo. ... Mas se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos os meus mandamentos, ... Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; os que vos odiarem dominarão sobre vós, ... em vão semeareis a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão.” “Se nem ainda com isto me ouvirdes, prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais, por [88] causa dos vossos pecados.” — Lev. 26:12, 14, 17, 18, 24, 28.

Esta ameaça de “sete vezes de castigo é mencionada três vezes. Os vários castigos mencionados antes das “sete vezes” referem-se a vários cativeiros sob assírios, moabitas, midianitas, filisteus, etc., durante todos dos quais o cuidado de Deus continuou sobre eles. O seu procedimento para com eles foi “preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali”, todavia guardou-lhes, e quando arrependeram-se e clamaram a Ele, lhes escutou e os livrou dos seus inimigos. (Juí. 3:9, 15) Mas quando estes castigos haviam falhado, Ele aplicou as ameaças sete vezes: a coroa foi tirade permanentemente, e tanto Israel como o mundo inteiro, foi sujeito aos poderes bestiais durante sete vezes. Assim lhes aconteceu segundo a advertência de Deus — “Se nem ainda com isto [os castigos prévios] me ouvirdes ... vos castigarei sete vezes”.

A conexão em que as “sete vezes” (mais, além, ou adicional) são ameaçadas, indica que incluem um castigo final e conclusivo sobre este povo depois de que os outros castigos tinham repetidamente falhado a reformá-los permanentemente. A punição destas “sete vezes” terá o efeito designado de completamente humilhá-los perante o Senhor, assim preparando-os para receberem as suas bênçãos. Estas sete vezes portanto referem-se ao cumprimento do tempo durante o qual os gentios deviam governar sobre eles. E sem dúvida foi a este período de “sete vezes” que o nosso Senhor referiu-se, falando dos “Tempos dos Gentios”.

No tempo, em que os cativeiros e castigos menores deram lugar a este final e grande castigo nacional de “sete vezes”, aconteceu, como já foi demonstrado, quando o seu último rei Zedequias foi afastado — desde o qual tem havido um longo período de castigo — as preditas “sete vezes” ou 2520 anos. [89]

Na Bíblia uma “vez”, ou um “tempo”, é usado no sentido de um ano, quer literal, quer simbólico; mas ao tempo da expressão de qualquer profecia, não poderia ser entendido se o tempo referido fosse literal ou simbólico. Os profetas indagaram diligentemente, mas em vão, para aprender qual o tempo ou qual a ocasião (literal ou simbólico) que o Espírito indicava. (I Ped. 1:11) Um ano simbólico tão usado na profecia é contado na base de um ano lunar — doze meses de trinta dias cada um, ou trezentos e sessenta dias — cada dia representando um ano. Por conseguinte, uma “vez”, um “tempo” ou ano, se simbólico, significa trezentos e sessenta (360) dias simbólicos, e “sete vezes” (ou tempos) representam dois mil e quinhentos e vinte (7 x 360 = 2520) dias simbólicos, ou 2520 anos literais.

A pergunta aqui apresentando-se é, foram estas “sete vezes” literais ou simbólicas? Referiram-se a sete anos, ou a dois mil e quinhentos e vinte anos? Contestamos, foram vezes simbólicas, 2520 anos. Não podem ser entendidos como sete anos literais; pois Israel teve muitos cativeiros de duração mais extensa — por exemplo, serviram o rei da Mesopotâmia oito anos (Juí. 3:8), o rei de Moabe dezoito anos (Juí. 3:14), Rei Jabim vinte anos (Juí. 4:2, 3), os filisteus um período de quarenta anos e outro de dezoito anos (Juí. 10:7, 8; 13:1), além dos seus setenta anos na Babilônia. Sendo todos estes períodos muito mais extensos de “sete vezes” ou anos literais, entretanto as “sete vezes” mencionadas como o ultimo castigo, mais grande e final, comprova que significam tempo simbólico, não literal, ainda que a palavra hebraica traduzida “sete vezes” em Lev. 26:18, 21, 24, 28, é a mesma palavra traduzida “tempos” em Dan. 4:16, 23, 25, 32, exceto que em Daniel a palavra iddan está agregada, enquanto que em Levítico é deixada para ser compreendida. E peculiarmente, também, repete-se quarto vezes em cada caso. No caso de Nabucodonosor foram anos literais; não obstante, como veremos, tanto Nabucodonosor [90] como os seus “sete tempos” foram típicos.

Os “sete tempos” da degradação de Nabucodonosor (Dan. 4:16, 23-26) evidenciaram-se por sete anos literais, quando atualmente assim cumpriram-se; e deste modo a humilhação de Israel e o mundo sob as autoridades “que existem” tem evidenciado-se por sete vezes ou tempos simbólicos — dois mil quinhentos e vinte anos literais. Este período agora* falta apenas vinte e seis anos para vencer-se, e agencias estão trabalhando em todos lados apontando o fim do domínio gentio, e na vinda da justiça eterna e de todas as bênçãos do Novo Pacto a Israel e a toda a criação gemente.

———————

*Nota dos tradutores: Este livro foi escrito em inglês em 1889.

O Fim dos Sete Tempos de Israel

Este período longo (“sete vezes”, ou 2520 anos) do castigo de Israel é o período de domínio gentio — os Tempos dos Gentios. Desde que, como já temos mostrado, os Tempos dos Gentios começaram em 606 a. C., e haviam de continuar dois mil e quinhentos e vinte anos, terminarão em 1914 d. C. (2520 – 606 = 1914) Então as bênçãos registradas na última parte do mesmo capítulo (Lev. 26:44, 45) cumprir-se-ão; Deus lembrar-se-á e cumprirá a Israel o pacto feito com os seus pais. — Rom. 11:25-27.

Isto pode mostrar-se mais claramente a alguns assim:

As “sete vezes” de castigo de Israel são =                            2520 anos.

Começaram quando o arrendamento de poder

deu-se aos gentios, que como temos mostrado,

foi 606 a. C. Portanto, em 1 d. C.,                                          606 anos

                                                                                            ——

do seu período tinham passado, e o resto

indicaria a data                                                                      1914 d. C.

[91]

 Como prova de que um dia por um ano é uso bíblico em profecia simbólica, citamos os seguintes exemplos cumpridos:

a) Os espias andaram quarenta dias espiando a Canaã, típico dos quarenta anos durante os quais Israel andava pelo deserto. (Núm. 14:33, 34)

b) Quando Deus quis anunciar a Israel por meio de Ezequiel um período da adversidade, fez que o profeta o simbolizasse, declarando: “te dei, cada dia por um ano”. (Ez. 4:1-8)

c) Nessa notável profecia já cumprida de Dan. 9:24-27, examinada no estudo anterior, no qual é mostrado o tempo até a unção do nosso Senhor, e também os sete anos de graça a Israel depois, no meio dos quais o Messias foi “cortado”, tempo simbólico é usado: Cada dia das setenta semanas simbólicas representou um ano, e assim cumpriu-se.

d) De novo, em Dan. 7:25 e 12:7 o período do triunfo do Papado é dado como três tempos e meio, e sabemos (e mostraremos neste volume) que este cumpriu-se em mil duzentos e sessenta anos (360 x 3 ½ = 1260. O mesmo período é mencionado no livro do Apocalipse: No capítulo 12:14 ele é chamado três tempos e a metade de um tempo (360 x 3 ½ = 1260); no capítulo 13:5 denomina-se quarenta e dois meses (30 x 42 = 1260); e no capítulo 12:6 é designado mil duzentos e sessenta dias.

O cumprimento destas profecias será particularmente examinado depois. Basta agora notar que o uso pelo Espírito da palavra “tempo”, ou “vez”, noutra parte, concorda com o uso atual desse termo — que na profecia simbólica um “tempo” ou “vez” é um ano simbólico de trezentos e sessenta anos; e o fato de que três tempos e meio, aplicados como uma medida ao triunfo da igreja apóstata, se têm cumprido em mil duzentos e sessenta anos, estabelece o princípio a partir do qual os sete tempos de domínio gentio são contados (360 x 7 = 2520) e comprova o seu fim ser em 1914 d. C.; pois se três tempos e a metade são 1260 dias (anos), sete tempos (vezes) será um período mais longo exatamente como — duas vezes, isto é, 2520 anos. [92]

Se tivessem cumprido-se as “sete vezes” de Israel em tempo literal (sete anos), a bênção garantida-lhes pelo pacto incondicional de Deus com os seus pais teria seguido. (Veja Lev. 26:45; Rom. 11:28) Mas não foi este o caso. Todavia não têm jamais desfrutado dessas bênçãos prometidas; e esse pacto não se cumprirá, diz Paulo (Rom. 11:25, 26), até que a eleita Igreja Evangélica, o corpo de Cristo, tenha sido aperfeiçoado como o seu libertador, por meio do qual o pacto entrará em vigor. “Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias [isto é, as sete vezes de castigo], diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.” (Jer. 31:33, 34; Heb. 10:16, 17) “Naqueles dias [os dias de grace seguindo as sete vezes de castigo] não dirão mais: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram. Pelo contrário, cada um [que morrer] morrerá pela sua própria iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes, é que os dentes se embotarão.” — Jer. 31:29, 30.

A restauração no fim dos setenta anos em Babilônia não foi um livramento do governo gentio; pois continuavam um povo tributário desde então. Essa restauração meramente serviu para guardar juntos um povo ao qual o Messias devia apresentar-se. Foi enquanto o governo gentio já estava segurando o Israel em sujeição, e devido a esse fato, que o nosso Senhor declarou que eles seguiriam sendo pisados até que os Tempos dos Gentios expirassem, ou completarem-se. O mundo é testemunha ao fato de que o castigo de Israel sob o domínio dos gentios tem sido continuo desde 606 a. C., que ainda continua, e que não há razão para esperar a sua reorganização nacional antes de 1914 d. C., o limite das suas “sete vezes” — 2520 anos. Entretanto, ao passo que este período longo do seu castigo nacional aproxima-se do  [93] seu fim, podemos ver indicações marcadas de que a figueira infrutífera está prestes a brotar, mostrando que o inverno — tempo do mal está terminando, e o verão milenário aproximando-se, que plenamente restaurará à sua herança prometida e independência nacional. O fato de que agora estão acontecendo grandes preparações e expectativas relativas à volta de Israel à sua própria terra é de si mesmo forte indicação confirmativa deste ensino bíblico. Quanto ao significado de tal acontecimento, veja o Volume I, páginas 328-342; ou 286-289, 2ª edição.

Outra Linha de Testemunho

 Outro parecer dos Tempos dos Gentios é apresentado por Daniel — Capítulo 4. Aqui o domínio original do homem sobre a terra inteira, a sua remoção, e a certeza da sua restauração, a começar no fim dos Tempos dos Gentios, ilustra-se convincentemente num sonho dado a Nabucodonosor, a sua interpretação por Daniel, e o seu cumprimento em Nabucodonosor.

No seu sonho Nabucodonosor “olhava, e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua altura; crescia a árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até o céu, e era vista até os confins da terra. A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e dela se mantinha toda a carne. ... e eis que um vigia, um santo, descia do céu. Ele clamou em alta voz e disse assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos. Contudo deixai na terra o tronco com as suas raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da tenra relva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra. Seja mudada [94] a sua mente, para que não seja mais a do homem, e lhe seja dada mente de animal; e passem sobre ele sete tempos. Esta sentença é por decreto dos vigias, e mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles”.

Está árvore notável, na sua glória e formosura, representou o primeiro domínio da terra dada à raça humana no seu representante e cabeça, Adão, a quem Deus disse: “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.” (Gên. 1:28) A Glória original do homem e o poder investido nele foram na verdade sublimes, e estavam sobre a terra inteira, para abençoar, alimentar, proteger, e abrigar a tudo o que vive. Porém quando entrou o pecado, veio a ordem para derrubar a árvore, e a glória, a formosura e o poder da humanidade foram tirados; e a criação mais baixa já não encontrava abrigo, proteção, e bênção sob a sua influência. A morte derrubou a grande árvore, espalhou o seu fruto e as suas folhas, e deixou à criação mais baixa sem o seu senhor e benfeitor.

No que toca ao homem, todo poder para recobrar o domínio perdido já tinha passado sem esperança. Mas desde o ponto de vista de Deus, não foi assim. O domínio originalmente surgiu do seu plano, e foi a sua dádiva graciosa; e ainda que tinha mandado derrubá-lo, todavia a raiz — o propósito e plano de Deus de uma restituição — continuou, ainda que atado com fortes grilhões, para que não brote até o tempo divinamente determinado.

Como no sonho a figura muda-se do tronco duma árvore para um homem degradado e trazido à companhia e semelhança de animais, com o raciocínio destronado e toda a sua glória afastada, assim vemos o homem, o caído e degradado senhor da terra: o seu [95] esplendor e domínio haviam passado. Sempre depois de que a sentença passou, a raça tem estado tendo a sua porção com os animais, e o coração humano tem chegado a ser bestial e degradado. Que quadro espantoso, quando consideramos a passada atual condição semi-civilizada e selvagem da grande maioria da raça humana; e que ainda a pequena maioria que aspiram a supercar a tendência para baixo têm êxito apenas até um grau limitado, e isto com grande trabalho e esforços constantes. A raça tem que ficar na sua degradação, sob o domínio do mal, até que a lição seja aprendida, que o altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. E enquanto os homens estão nesta condição degradada Deus permite alguns dos caracteres mais vis entre eles para governar sobre eles, para que a sua amarga experiência atual possa evidenciar-se no futuro para ser de benefício duradouro.

A veracidade da interpretação de Daniel, está informando-nos que: “Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonosor”, e que nesta condição insana, degradada e bestial ele andava errante entre os animais até que sete tempos (sete anos literais no seu caso) passaram-se sobre ele. A interpretação por Daniel do sonho é relacionada apenas com o seu cumprimento sobre Nabucodonosor; mas o fato de que o sonho, a interpretação, e o cumprimento são todos tão cuidadosamente relatados, aqui é evidência de um objetivo, na sua narração. E a sua aptidão singular como ilustração do propósito divino em sujeitar toda a raça ao domínio do mal para a sua punição e correção, para a seu tempo Deus restaurá-la e estabelecê-la em justiça e vida eterna, nos autoriza a aceitá-lo como um tipo tencionado.

O sonho no seu cumprimento em Nabucodonosor é especialmente notável quando lembramo-nos que ele foi feito o representante ou cabeça reinante do domínio humano (Dan. 2:38), e a ele, como senhor da terra, dirigiu-se o profeta quase com as mesmas palavras que Deus no princípio dirigiu a Adão — [96] “a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força e a glória; e em cuja mão ele entregou os filhos dos homens, onde quer que habitem, os animais do campo e as aves do céu, e te fez reinar sobre todos eles”. (Dan. 2:37, 38. Compare Gên. 1:28) Depois, por causa do pecado, Nabucodonosor recebeu os “sete tempos” de castigo, depois dos quais o seu entendimento começou de voltar, e se efetuou a sua restauração ao domínio. Foi restabelecido no seu reino, e a grandeza foi-lhe acrescentada depois que ele tinha aprendido a lição precisada à qual referiu-se na linguagem seguinte:

“Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei ao céu os meus olhos, e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio sempiterno, e o seu reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? No mesmo tempo voltou a mim o meu entendimento; e para a glória do meu reino voltou a mim a minha majestade e o meu resplendor. ... e fui restabelecido no meu reino, e foi-me acrescentada excelente grandeza. Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalto, e glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são retas, e os seus caminhos justos, e ele pode humilhar aos que andam na soberba.”

A degradação de Nabucodonosor foi típica da degradação humana sob governos bestiais durante sete tempos ou anos simbólicos — um ano por um dia, 2520 anos — desde seu dia por diante. E seja observado que isto corresponde exatamente com as sete vezes preditas em Israel, as quais, como acabamos de ver, terminam em 1914 d. C. Pois foi sob este Nabucodonosor que Israel foi levado em cativeiro a Babilônia, quando a coroa do reino de Deus foi tirada, e as sete vezes começaram. [97] É em perfeita harmonia com isto que Deus, ao representar estes governos dos gentios, os descreveu a Daniel como tantos animais selvagens, enquanto no fim deles o reino de Deus representa-se como dado a um como o filho do homem.

A menos que foi para assim prefigurar a degradação e duração dos Tempos dos Gentios, não conhecemos a nenhum motivo pelo registro deste pedaço da história de um rei pagão. Que os seus sete anos de degradação adequadamente ilustraram a depravação humana, é um fato; que Deus tem prometido uma restauração do domínio da terra depois de que a humanidade tenha aprendido certas lições importantes, é também um fato; e que os sete tempos simbólicos dos gentios (2520 anos) terminam no ponto exato quando a humanidade terá reconhecido a sua própria degradação e inaptidão atual para governar o mundo com desenvolvimento, e estará preparada para o domínio e reino de Deus, é um terceiro fato. E a aptidão da ilustração estimula a convicção que os sete anos de Nabucodonosor, enquanto literalmente cumpridos nele pessoalmente, tinham uma significação ainda mais importante e mais ampla como uma figura das sete vezes simbólicas de domínio gentio, que ele representou.

A data exata da degradação de Nabucodonosor não está declarada, e é sem importância, porque o prêmio da sua degradação tipificou o inteiro período do domínio gentio, que começou quando a coroa do típico reino de Deus foi tirada de Zedequias. Foi bestial exatamente desde o seu início, e os seus tempos são numerados: os seus limites são colocados por Jeová, e não podem ser ultrapassados.

Que reanimador é o prospecto trazido à vista no fim destes sete tempos! Nem Israel nem o mundo da humanidade representado por esse povo já não serão pisados, oprimidos nem mal governados pelos bestiais poderes gentios. O Reino de Deus e do seu Cristo será então estabelecido na Terra, e Israel e todo o mundo [98] serão abençoados sob a sua autoridade legítima e justa. Então a raiz da promessa e esperança plantada por primeira vez no Éden (Gên. 3:15), e trazida através do dilúvio e transplantada em Israel, o povo típico (Gên. 12:1-3), brotará e florescerá de novo. 

Começou a brotar no primeiro advento do nosso Senhor, entretanto o tempo determinado ainda não tinha chegado para ela florescer e produzir os seus frutos abençoados na restauração de todas as coisas. Mas no fim dos Tempos dos Gentios não faltarão os sinais seguros da primavera, e será gloriosa a ceifa outonal e ricos serão os frutos de verão para serem colhidos e gozados nas idades eternas de glória em seguimento. Então o senhor original da terra, com o raciocínio restaurado, será plenamente restabelecido, com acrescentada excelência e glória, como no tipo, e louvará e exaltará e glorificará ao Rei do Céu.

Já começamos a ver o raciocínio voltando à humanidade: os homens estão despertando-se a algum sentido da sua degradação, e estão vigilantes para melhorar a sua condição. Estão pensando, planejando e conspirando para uma condição melhor da que têm estado submetendo-se sob os poderes bestiais. No entanto, antes de que chegam a reconhecer a Deus e o seu domínio sobre todos, experimentarão ainda um espasmo terrível de demência, do qual conflito despertar-se-ão fracos, desamparados e desgastados, mas com o raciocínio restaurado a tal grau como para reconhecer e submeter-se à autoridade dele que vem para restabelecer o primeiro domínio já há muito tempo perdido, na base permanente da experiência e conhecimento tanto do bem como do mal.

De fato, isto é esperança de grandes coisas para alegar, como fazemos, que dentro dos vinte e seis anos vindouros todos os governos atuais serão derrotados e dissolvidos*; no entanto estamos vivendo num tempo especial e peculiar, o “Dia de [99] Jeová”, no qual os assuntos culminam rapidamente; e está escrito, “o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, consumando-a e abreviando”. (Veja o Volume I, estudo XV) Pelos passados onze anos estas coisas tinham sido proclamadas e publicadas substancialmente como demonstrado acima; e nesse tempo breve o desenvolvimento das influências e agências para a subversão e derrota dos impérios mais fortes da terra tem sido estupendo. Nesse tempo o comunismo, socialismo e niilismo surgiram vigorosamente, e já estão causando grande inquietação entre os governadores e principais da terra, cujos corações estão desfalecendo-lhes de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes presentes estão sendo abalados imensamente, e por fim passarão com grande estrondo.

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*Nota dos Tradutores: Veja o Prefácio do Autor (1916), páginas III, IV.

Em vista desta forte evidência bíblica a respeito dos Tempos dos Gentios, consideramos isto uma verdade estabelecida que o término dos reinos deste mundo, e o pleno estabelecimento do Reino de Deus, serão realizados perto do fim de 1915 E. C.* Então a oração da Igreja, desde o tempo que o seu Senhor partiu — “venha o teu reino” — será contestada; e sob essa sabia e justa admiração, toda a terra se encherá da glória do Senhor — com conhecimento, e retidão e paz (Sal. 72:19; Is. 6:3; Hab. 2:14); e a vontade de Deus será feita “assim na terra como no céu”.

A declaração de Daniel, de que o Reino de Deus será suscitado, não depois de que estes reinos da terra estejam dissolvidos, mas nos seus dias, enquanto todavia existem e têm poder, e que é o Reino de Deus que esmiuçará e consumirá todos esses reinos (Dan. 2:44), merece a nossa consideração especial. Assim foi com cada um destes governos bestiais: existiram antes de adquirirem o domínio universal. Babilônia existiram por longo tempo antes de conquistar [100] a Jerusalém e obter o domínio (Dan. 2:37, 38); Medo-Pérsia existiu antes de conquistar a Babilônia; e assim com todos os reinos: precisavam primeiro terem existido e terem recebido poder superior antes que pudessem conquistar os outros. Assim, também, é com o Reino de Deus: tem existido em estado embrionário durante dezoito séculos; mas com o mundo conjuntamente foi sujeito às autoridades “que existem”, “ordenadas por Deus”. Até os seus “sete tempos” não terminarem, o Reino de Deus não pode chegar a domínio universal. Porém, como os outros, tem que obter poder adequado para a derrota destes reinos antes de esmiuçá-los.

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*Nota dos Tradutores: Veja o Prefácio do Autor (1916), páginas III, IV.

Portanto, neste “Dia de Jeová”, o “dia de tumulto”, “dia de tribulação e de angústia”, o nosso Senhor toma o seu grande poder (até agora adormecido) e reina, e é isto que causará o transtorno, ainda que o mundo não o conhecerá durante algum tempo. Que os santos participarão neste trabalho de esmiuçar aos reinos atuais, não cabe dúvida. Está escrito: “esta honra será para todos os santos — para executarem neles o juízo escrito; para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro”. (Sal. 149:8, 9) “Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as [nações — os impérios] do modo como são quebrados os vasos de oleiro”. — Apoc. 2:26, 27; Sal. 2:8, 9.

Mas o nosso exame, no Volume precedente, da grande diferença de caráter entre o Reino de Deus e os reinos bestiais da terra, nos prepara para vermos também uma diferença nos modos da arte de guerra. Os métodos de conquista e quebramento serão largamente diferentes de quaisquer que têm já anteriormente derrotado nações. Ele que agora toma o seu grande poder para reinar é mostrado em símbolo (Apoc. 19:15) como um cavaleiro que: “Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com Os Tempos dos Gentios [101] vara de ferro”. Essa espada é a verdade (Ef. 6:17); e tanto os santos viventes como muitos do mundo estão sendo usados agora como os soldados do Senhor para derrotar erros e males. Mas que ninguém apressadamente deduza uma conversão pacífica das nações ser simbolizada aqui; pois muitas Escrituras, tais como Apoc. 11:17, 18; Dan. 12:1; 2 Tess. 2:8; Sal. 149 e 47, ensinam precisamente ao contrário.

Não surpreenda-se, então, quando nos estudos subseqüentes apresentamos provas de que a suscitação do Reino de Deus já está iniciada, que está apontado na profecia como a seu tempo começou o exercício de poder em 1878 d. C., e que a “batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso” (Apoc. 16:14), que terminará em 1915 d. C.*, com a completa derrota do governo atual da terra, já tem começado. O ajuntamento dos exércitos está claramente visível desde o ponto de vista da Palavra de Deus.

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*Nota dos Tradutores: Veja o Prefácio do Autor (1916), páginas III e IV.

Se a nossa visão está livre de preconceitos, quando temos o telescópio da Palavra de Deus regulado acertadamente, podemos ver claramente o caráter de muitos dos eventos que hão de acontecer no “dia do Senhor” — que já estamos no meio desses eventos, e que “é vindo o grande dia da ira deles”.

A espada da verdade, já afiada, há de ferir todo costume e sistema mal — civil, social e eclesiástico. Ainda mais, podemos ver que o ferimento está começando: liberdade de pensamento, e direitos humanos, civis e religiosos, por muito tempo perdidos da visão debaixo de reis e imperadores, papas, sínodos, conselhos, tradições, e credos, estão sendo apreciados e defendidos como nunca antes. O conflito interno já está fomentando-se: em breve saltará como um fogo consumidor, e os sistemas humanos e erros, que durante séculos têm agrilhoado a verdade e oprimido a criação gemente, terão que dissolver-se diante dele. Sim, a verdade — e o muito difundido e aumentado conhecimento dela — é a espada que está [102] desconcertando e quebrando os cabeças de muitos países. (Sal. 110:6) Ainda que nesta tribulação uma bênção está disfarçada: Preparará a humanidade para a apreciação mais plena da justiça e da verdade, sob o reinado do Rei da Justiça.

Enquanto os homens eventualmente virão a compreender que o juízo está feito a linha para medir, e a justiça o prumo (Is. 28:17), também aprenderão que só as regras estritas da justiça podem garantir as bênçãos que todos desejam. E, inteiramente desalentados com os seus próprios meios e os frutos miseráveis do egoísmo, receberão com agrado e alegremente submeter-se-ão à autoridade justa que toma o controle; e assim, como está escrito, “as coisas preciosas de todas as nações virão” — o Reino de Deus, sob o controle absoluto e ilimitado do Ungido de Jeová.

“Estamos vivendo, estamos morando,

Num tempo grande e terrível.

Numa idade, idades revelando,

Estar vivendo é sublime.

Ouça! o barulho em toda nação,

Ferro com barro feitos em pó.

Escute! o que soa? “É esta criação

Gemendo por um dia melhor.

“Zombadores com desprezo, o Céu vê,

Mas tens só uma hora para lutar.

Vê, a verdade profética se revela!

Vigiai! e vestes brancas cuidai.

Oh! com toda a tua alma permita

Pela verdade difundir a mensagem!

Faça! com toda energia e toda força!

Fale das idades — por Deus reveladas!”

 

 

 

 

 

 

 

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Estudo 6 Estudo 7 Estudo 8 Estudo 9 Estudo 10 Indice  

Illustrated 1st Volume
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